ATA DA SÉTIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 27-01-2010.

 

 


Aos vinte e sete dias do mês de janeiro do ano de dois mil e dez, reuniu-se, no Plenário Ana Terra do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Dr. Raul, João Pancinha, Luciano Marcantônio, Nelcir Tessaro e Valter Nagelstein, titulares, e João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Maria Celeste, Sofia Cavedon e Toni Proença, não titulares. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceram os vereadores Reginaldo Pujol, titular, e Luiz Braz, não titular. A seguir, foram apregoados os seguintes documentos, informando substituições na titularidade da Comissão Representativa nos dias de hoje e amanhã, nos termos do artigo 83, parágrafo único, do Regimento: de autoria do vereador Aldacir José Oliboni, Vice-Líder da Bancada do PT, informando que as vereadoras Maria Celeste e Sofia Cavedon substituirão, respectivamente, os vereadores Engenheiro Comassetto e Mauro Pinheiro; e de autoria do vereador Toni Proença, Vice-Líder da Bancada do PPS, informando que Sua Excelência substituirá o vereador Paulinho Ruben Berta. Também, foi apregoado o Ofício nº 028/10, do senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Veto Parcial ao Projeto de Lei do Legislativo nº 214/09 (Processo nº 4339/09). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 939045, 940440, 940652, 941146, 942095, 942447, 942621, 942625, 943335 e 943951/09, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Em continuidade, o senhor Presidente registrou o comparecimento, nos termos do artigo 139 do Regimento, dos senhores Clóvis Magalhães e João Batista Linck Figueira, respectivamente Secretário Municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico e Procurador-Geral do Município, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos. Após, o vereador Aldacir José Oliboni formulou Requerimento verbal, deferido pelo senhor Presidente, solicitando que a senhora Maria Letícia de Oliveira Garcia, Presidenta do Conselho Municipal de Saúde, fosse autorizada a proceder à entrega de Ofício daquele Conselho a esta Casa e a integrar a Mesa dos trabalhos, tendo-se manifestado a respeito a vereadora Maria Celeste e o vereador João Antonio Dib. Na oportunidade, o senhor Presidente convidou a senhora Maria Letícia de Oliveira Garcia a integrar a Mesa dos trabalhos e concedeu a palavra a Sua Senhoria, que procedeu à leitura e entrega de Ofício do Conselho Municipal de Saúde à Câmara Municipal de Porto Alegre. Em prosseguimento, o senhor Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 139, § 1º, do Regimento, aos senhores Clóvis Magalhães e João Batista Linck Figueira, que se pronunciaram acerca da rescisão do contrato da Prefeitura Municipal de Porto Alegre com o Instituto Sollus, no ano de dois mil e nove. Também, nos termos do artigo 139, § 2º, do Regimento, os vereadores Aldacir José Oliboni, Sofia Cavedon, Maria Celeste e Adeli Sell pronunciaram-se sobre o tema em debate. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra, para considerações finais, aos senhores Clóvis Magalhães e João Batista Linck Figueira. Às onze horas e quinze minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às onze horas e dezessete minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Adeli Sell, Reginaldo Pujol e Valter Nagelstein e as vereadoras Sofia Cavedon e Maria Celeste. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Dr. Raul e Aldacir José Oliboni. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores Luciano Marcantônio, Dr. Raul e Aldacir José Oliboni. Às doze horas e vinte e um minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Nelcir Tessaro, João Carlos Nedel e Toni Proença e secretariados pelo vereador João Carlos Nedel, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, João Carlos Nedel, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Srs. Vereadores, Sras Vereadores, hoje temos o comparecimento do Sr. Clóvis Magalhães, Secretário de Gestão e Acompanhamento Estratégico. Está também presente o Sr. João Batista Linck Figueira, Procurador-Geral do Município - faça parte da Mesa, por favor.

O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, saudamos a vinda do Secretário Clóvis Magalhães. Também temos aqui o Controle Social, representado pelo Conselho Municipal de Saúde e suas entidades. Eles haviam se programado para participar da Mesa, até para se pronunciarem, mas o Regimento não permite. Então, nós, em nome da Bancada do PT, queremos sensibilizar os nobres Vereadores no sentido de que o Conselho faça a entrega do documento que está em suas mãos; que a Presidência possa ler esse ofício, esse documento do Conselho.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Ver. Oliboni, vamos receber o documento formalizado pelo Conselho Municipal de Saúde e dar as devidas providências.

 

(Pausa.)

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr. Presidente, nós temos dúvidas se, de fato, este Requerimento pode ser feito no ato, no momento: para que a nobre Presidente do Conselho possa fazer parte da Mesa. Eu gostaria de saber se é possível ela participar da Mesa, ao menos para ler o documento que está sendo entregue.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Eu recebo o documento, Vereador, mas há a impossibilidade de participação na Mesa. Nós agendamos na segunda-feira o comparecimento do Secretário de Gestão, ele tem que fazer uma apresentação. Vejo que vamos tumultuar a Sessão e não vamos chegar ao nosso objetivo, se não cumprirmos aqui, nesta Sessão, o que está programado para hoje.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, contando com a sua boa vontade, a sua disponibilidade, já que, sabiamente, traz aqui o Secretário e o Procurador para darem as devidas explicações, nós gostaríamos que o mesmo tratamento fosse deliberado ao Controle Social, ao Conselho Municipal de Saúde, representado pela sua Presidenta, a Srª Letícia; que ela pudesse compor a Mesa e dispor do mesmo espaço de tempo que V. Exª está disponibilizando ao Secretário. Entendemos que é importante ouvir o Conselho Municipal, tendo em vista que o Secretário já está aqui também. Não há nenhuma contradição, desde que o Presidente se sinta sensibilizado, apoiado pelo conjunto dos Vereadores; que o Conselho Municipal possa tomar assento à Mesa e usar do mesmo tempo que será disponibilizado ao Secretário para os devidos esclarecimentos, que todos nós queremos que ocorram. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, eu vou receber o documento e permitir que apenas a Srª Presidenta sente-se à Mesa, mas ela não terá oportunidade de voz, vamos agendar isso para a próxima semana. Na próxima semana teremos o comparecimento do Conselho, para aqui prestar todos os esclarecimentos que possam servir à nossa Câmara de Vereadores, à comunidade porto-alegrense.

 

A SRA. MARIA LETÍCIA DE OLIVEIRA GARCIA: Apenas gostaria de fazer a leitura do Ofício que vou entregar...

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A leitura será permitida.

 

A SRA. MARIA LETÍCIA DE OLIVEIRA GARCIA: (Lê.) “Exmo Sr. Vereador Nelcir Tessaro, M.D. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre. Prezado Presidente, o Conselho Municipal da Saúde de Porto Alegre (CMS) e as entidades abaixo assinadas vêm propor a instauração pela Câmara Municipal de Porto Alegre de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), ‘CPI da Corrupção na Saúde’, para investigar a contratação do Instituto Sollus pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre com objeto de prestar serviço à Secretaria Municipal da Saúde. As razões que fundamentam o pedido são arroladas a seguir:

“A Câmara Municipal de Porto Alegre tem a competência de órgão fiscalizador do Executivo Municipal, que celebrou contrato de prestação de serviços com o Instituto Sollus, cuja execução apresenta fortes indícios de irregularidades e ilegalidades, com caráter indiciário amplamente denunciado pela Polícia Federal nos meios de comunicação desta Capital. Os signatários estão agindo em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e na busca do restabelecimento da verdade, além do correspondente ressarcimento ao erário público dos vultosos recursos desviados da Saúde e da população desta Cidade, caso seja, ao fim, constatada a existência do desvio de recursos que se busca elucidar com a CPI ora instada. A seguir, apresentam-se fatos que demonstram o evolver histórico da questão do ponto de vista das entidades abaixo relacionadas e que subscrevem o presente.

“Em 15 de abril de 2008, o Conselho Municipal da Saúde, ao realizar a análise preliminar das prestações de contas dos recursos repassados ao Instituto Sollus, encontrou indícios de irregularidades no uso dos mesmos...”

 

(Manifestações fora do microfone. Inaudíveis.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Por gentileza, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, vamos ouvir! Por gentileza, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; por gentileza, público presente, vamos ouvir! Pode continuar, por favor!

 

A SRA. MARIA LETÍCIA DE OLIVEIRA GARCIA: Obrigada! (Lê.) “Em 15 de abril de 2008, o Conselho Municipal da Saúde, ao realizar análise preliminar das prestações de contas dos recursos repassados ao Instituto Sollus, encontrou indícios de irregularidades no uso dos mesmos. Nos meses de agosto, setembro e outubro de 2008, o Conselho Municipal de Saúde encaminhou a análise da prestação de contas da referida OSCIP ao Tribunal de Contas da União, ao Ministério Público do Estado, ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público de Contas e à Polícia Federal. Em 1º de outubro de 2008, o Conselho Municipal de Saúde protocolou o dossiê ‘Análise Preliminar da Prestação de Contas do Instituto Sollus’ no Núcleo de Ações Originárias da Procuradoria da República, onde trata da mesma questão. Em 17 de setembro de 2009, a sessão plenária do Conselho Municipal de Saúde aprovou a solicitação da abertura de uma CPI por parte do Legislativo Municipal (ata em anexo), face às inúmeras irregularidades detectadas pelo Conselho Municipal da Saúde na gestão da Saúde em Porto Alegre. Diante do apresentado, o Conselho Municipal de Saúde e as entidades signatárias deste se colocam à disposição da Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre para qualquer esclarecimento, seja através de informações ou depoimentos que julgarem necessários no decorrer do processo ou mesmo do encaminhamento de documentos e outras formas que for julgado conveniente por esta Casa Legislativa”.

Está assinado pelo Conselho Municipal da Saúde, pela Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul, pela Federação dos Empregados em Serviços de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, pelo Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul, pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, pelo Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Rio Grande do Sul, pelo Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Casas de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, pelo Sindicato dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul e pelo Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no Rio Grande do Sul. Passo este documento às mãos de Vossa Excelência. Obrigada a todos os Vereadores. (Palmas.)

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI (Requerimento): Nobre Presidente, solicito, se possível, cópia do documento a todos os demais Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Pois não. Faço o recebimento do documento e convido a Srª Presidenta para fazer parte da Mesa neste exato momento.

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, eu tenho 39 anos de Câmara Municipal, mais de 50 anos de vida pública e aprendi que respeito se consegue respeitando. Aprendi, nos meus 39 anos, que o Regimento Interno deve ser respeitado. A Lei Orgânica é clara, precisa e concisa quando diz que o Poder Executivo e o Poder Legislativo são independentes e harmônicos. O nosso Regimento Interno diz que o Secretário pode comparecer espontaneamente, convidado ou convocado. O nosso Secretário está aqui, e é nosso dever ouvi-lo, em respeito a ele e ao Executivo; não mais do que isso. Depois podemos fazer todas as considerações necessárias, mas, neste momento, é necessário lembrar: são dois Poderes independentes e harmônicos, e não se pode desrespeitar a presença do Executivo aqui nesta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Obrigado, Ver. João Antonio Dib. Eu quero dizer a todos que permiti o assento à Mesa dos trabalhos à Srª Presidenta em respeito a todos os que estão presentes, aos Conselhos; assim ela poderá participar como ouvinte. Na próxima semana, no dia 03, se assim entenderem, poderão comparecer à nossa Sessão Ordinária, em nosso plenário. Então ficará para o dia 03 o comparecimento do Conselho a esta Câmara de Vereadores.

De imediato, poderíamos ver a apresentação do Sr. Secretário de Gestão e, posteriormente, abriremos as inscrições para os Vereadores que quiserem fazer uso da palavra. Pode ser assim? (Pausa.) Sr. Secretário, o senhor pode proceder, então, à sua apresentação, dissertação? Será apresentada no datashow? Como ela será feita? (Pausa.) Nós estamos num plenário improvisado, estamos em processo de reforma do nosso plenário principal, então hoje estamos, e estaremos também no mês de fevereiro, utilizando o plenarinho.

 

O SR. CLÓVIS MAGALHÃES: Bom-dia, Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; bom-dia, Srs. Vereadores que compõem esta Comissão Representativa do nosso Legislativo; bom-dia também à Coordenadora do Conselho Municipal de Saúde, que representa o conjunto de entidades que estão aqui assistindo ao nosso depoimento.

Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer a pronta e imediata atenção que nos foi concedida pela Câmara de Vereadores, através da figura do seu Presidente, tão logo nós manifestamos, por ordem do Sr. Prefeito, a intenção de aqui comparecer. Objetivamos mostrar, demonstrar todas as ações, todas as providências, todos os Requerimentos que foram realizados ao longo do processo de gestão do termo de parceria com o Instituto Sollus e posteriormente, quando da constatação de que ali poderia haver situações não esclarecidas - não adequadamente esclarecidas -; queríamos aqui comparecer e informar aos Vereadores tudo que fizemos.

É extremamente importante nestes momentos que vivemos, particularmente no Rio Grande do Sul, verificar que o ambiente que se proporciona a esse tipo de investigação, de aferição das questões da gestão, sejam elas da gestão no Estado ou da gestão municipal, acaba por proporcionar ao ambiente político algumas versões que precisam ser muito claramente enfrentadas. Não há como permitir que a gestão pública, em todos os seus âmbitos, possa estar sendo vulnerabilizada quando o Gestor toma as decisões que deve tomar, busca os órgãos de controle que constituem o aparelho do Estado para aferição e apropriação de responsabilidades. Ao mesmo tempo se vê a tradução disso, pelos veículos de comunicação, pelas abordagens públicas que se constituem ao longo do processo, na vulnerabilização política dos agentes públicos.

Então, eu quero, de pronto, agradecer e reconhecer a seriedade desta Casa ao nos proporcionar este espaço de manifestação, a fim de fazer chegar as informações; assim como fizemos chegar à Polícia Federal - que buscava esclarecimentos investigatórios frente à questão da relação com o Instituto Sollus, ou frente à questão do Instituto Sollus, propriamente dito, nas suas diferentes atuações pelo País - um conjunto de informações. Agora estamos trazendo essas informações a fim de que todos os Vereadores possam compor o conhecimento mais pleno sobre o que o Executivo Municipal tomou como iniciativa para a apuração desses fatos.

Eu vou me valer de uma exposição em PowerPoint. Pedi e encaminhei ao Líder do Governo uma cópia, para que cada um dos nossos Vereadores possa ter este documento, mas, mais do que isso, estaremos disponibilizando um conjunto de documentos que correspondem ao que será exposto aqui.

Não posso deixar de mencionar que aqui estamos o Procurador-Geral do Município e eu, e que temos uma atuação direta nas questões que estão aqui relatadas. Portanto, nós faremos - se V. Exª permitir, Sr. Presidente - uma composição na nossa exposição, de tal forma que, se houver deficiência de minha parte para expor algumas questões que são mais apropriadas ao mundo jurídico, eu vou recorrer, vou pedir ajuda ao meu colega Procurador, porque ele é, de ofício, quem conduziu efetivamente este conjunto de ações. Da mesma forma, quero me dispor a esclarecer toda e qualquer dúvida que, porventura, os nossos Vereadores coloquem, para que possamos aprimorar ainda mais o conjunto de informações que vamos apresentar. De outra sorte, quero dizer que reconheço e estou subordinado às decisões que esta Câmara venha a tomar, mas apenas na competência e efetivamente naquilo que decidirem os Srs. Vereadores. Qualquer outra manifestação que venham a interpor, qualquer razão ou qualquer indício de proposição de investigação, isso é da competência dos Vereadores, e eu só tratarei a respeito do assunto com os Vereadores e com mais ninguém.

Portanto, vamos expor aqui a razão que nos leva a enfatizar a questão do Instituto Sollus. A primeira iniciativa decorre do ano 2000. O Programa de Saúde da Família - já tive a oportunidade de expor este tema à Casa - decorre de uma estratégia da Saúde da Família e tem como decorrência uma condição precária no mundo jurídico. Trata-se de uma estratégia, portanto não tem um marco regulatório contundente e capaz de proporcionar aos Municípios brasileiros a condição de efetivar essa estratégia. É irresponsável aquele que contrata sem ter a garantia para o financiamento de quem está sendo contratado. Portanto, a constituição de um corpo funcional no âmbito da Administração Pública do Município sem que esteja assegurado o seu financiamento proporciona, sim, um ambiente de insegurança aos futuros gestores.

Nós estamos reivindicando, e já reivindicamos inclusive a esta Casa: devemos lutar pela Emenda nº 29, que não transita no Congresso Nacional, pela constituição de um marco regulatório definidor do Programa de Saúde da Família, acabando com a vulnerabilidade que está a proporcionar no Brasil inteiro, a todos os Municípios, esta condição precária.

Portanto, a premissa que proporcionou a Governos anteriores a nós relações precárias que conduziram a um convênio com a Fundação da Universidade do Rio Grande do Sul, cuja taxa de administração vem a ser apontada, posteriormente, como não adequada à promoção do convênio, faz parte da vulnerabilidade que está instalada em todo o País. É uma irresponsabilidade, sim, não permitir ao País que a estratégia de Saúde da Família tenha consolidado um marco regulatório definitivo, garantidor, para que os Municípios a instituam de forma definitiva também.

Em 2000, na implementação do Programa de Saúde da Família, o Governo anterior adotou um formato de contratações que era, sob a ótica das leis trabalhistas, absolutamente vulnerável e também não introduzia qualquer tipo de concurso público ou qualquer tipo de ingresso funcional na máquina pública. Posteriormente, evoluiu, então; constituiu-se o convênio com a Fundação da Universidade do Rio Grande. Houve, então, uma manifestação do Ministério Público recomendando que, em modelos conveniais... Existem duas formas de relacionamento público-privado: uma delas é o contrato, e a segunda é o convênio. Fora disso, temos uma dificuldade, pelo menos no que eu sei, então quero declarar aqui a minha condição... Entendo que a nossa relação para efetuar pagamento se dá por via convenial ou por via contratual.

Por via contratual, decorre das aplicações das leis que são pertinentes. A Lei nº 8.666 regula o nível de concurso que se faz. Por convênio, há contrapartida entre as partes, não há a adoção ou não é permitida a adoção de taxa de administração. Isso foi apontado reiteradas vezes em tempos anteriores durante os anos em que se praticou o convênio - portanto, anos anteriores à Administração José Fogaça. Pois bem, essa prática, considerada ilegal aos órgãos reguladores, foi apontada inúmeras vezes. Ao cabo e ao fim, entendíamos que deveríamos atender àquilo que os organismos reguladores estavam a proporcionar frente à Administração Municipal e suspendemos o pagamento da taxa de administração à Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a FAURGS. Fizemos uma longa discussão, que foi pública. Os jornais fizeram a promoção desse debate, e verificou-se a ausência de interesse da Fundação em manter-se na relação com a Prefeitura de Porto Alegre; isso faz parte dos jornais.

Essa ausência de interesse acabou por fragilizar o Programa de Saúde da Família, e nós precisamos substituir a FAURGS, porque não havia mais interesse em manter-se na relação com a Prefeitura. Acabou que a FAURGS patrocinou, então, a rescisão daquele convênio, a sua retirada da promoção do Serviço de Saúde da Família no âmbito do Município.

Nesse momento, nessas circunstâncias, nessa condição de fragilidade, surgiu a possibilidade do termo de parceria com o Instituto Sollus. É bem verdade que há, nesse momento, uma contestação e uma contestação muito forte do Tribunal de Contas do Estado, através do Ministério Público de Contas. Além disso, cabe ressaltar - este slide nos mostra - que a FAURGS está a requerer, está a reivindicar um pagamento da ordem de três milhões de reais como ressarcimento pela suspensão dos pagamentos considerados indevidos, aqueles considerados como taxa de administração ao convênio. Isso está em disputa, essa é uma questão que nós teremos, certamente, ao longo dos anos, que trabalhar intensamente, na perspectiva de não pagar aquilo que não é devido, ao nosso entender, obviamente.

Ao mesmo tempo, no transcorrer dessa transição - a saída da FAURGS, seu desinteresse de prestar o serviço do Programa de Saúde da Família -, veio a Emenda nº 51, que torna, incorpora, então, o conjunto dos Agentes Comunitários de Saúde como servidores públicos, cuja condição de ingresso ainda está a gerar algumas disputas, algumas discussões, porque, para promover o concurso na perspectiva de implantação de uma política territorial, não há suporte legal, pois o concurso público, em princípio, pressupõe a universalidade de acesso. Estamos enfrentando isso, estamos mantendo, permanentemente com o apoio desta Casa, todos os nossos Agentes Comunitários de Saúde. Mantemos porque esta Casa nos apóia nessa perspectiva.

Em 2007, então, dada a condição de que à formalização do Termo havia uma contestação do Tribunal de Contas, foi-nos necessário reivindicar, e apresentar, e representar junto ao Tribunal de Contas do Estado os argumentos que levaram a tomada dessa decisão e a urgência e emergência de manutenção da estratégia de Saúde da Família. Mais do que isso, a ampliação do Programa de Saúde da Família; mais do que isso, o estabelecimento de um controle mais efetivo sobre a prestação de serviços; mais do que isso, a mudança de uma logística de apoio às equipes. Nós precisávamos aperfeiçoar, precisávamos melhorar e ampliar os Serviços de Saúde da Família. E isso fizemos. Fizemos porque o Tribunal de Contas também compreendeu as razões que eram apresentadas pelo Executivo Municipal, e, por voto unânime do Pleno do Tribunal de Contas, foi acolhida a nossa representação e retirada aquela condição de cautelar que impedia que o Termo de parceria se executasse. Passamos a executar a partir do controle do Estado.

Essa formalização do Pleno nós estamos documentando para que chegue aos Srs. Vereadores, ela está numa Ata do Pleno do Tribunal de Contas. Este é o documento, está aqui escaneado, estaremos entregando cópia. Este é o documento que fizemos chegar também à Polícia Federal, para que tomasse ciência do Termo de parceria. Em que pese o desejo do Poder Municipal de constituir corpo funcional para o Programa de Saúde da Família, requer-se, pela responsabilidade pública que se tem, que o marco regulatório em nível federal estabeleça as condições, para que o Município assim possa proceder. Caso contrário, estaríamos onerando, sim, os cofres públicos de uma maneira irresponsável. Isso nós não vamos fazer.

Ainda em 2007, fruto dessa discussão junto ao Ministério Público Federal do Trabalho, ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público Estadual, nós, acolhendo uma constitucionalidade que foi posta pelos Ministérios em conjunto, firmamos um Termo de Ajustamento de Conduta, no qual assumimos o compromisso de fazer chegar a esta Casa um Projeto de Lei que permitisse institucionalizar o Programa de Saúde da Família no âmbito do Município. E esta Casa votou, e esta Casa aprovou. Isso está em tramitação. Esse compromisso foi firmado e cumprido. É bem verdade que vai requerer, sim, da Administração Municipal um esforço adicional para que, mantendo as contas em dia, possa proporcionar o Departamento de Saúde da Família. Mas nós cumprimos. Esta Casa debateu e usou do seu tempo de discussão. Isso foi respeitado. Esse Termo de Ajustamento de Conduta proporcionou, então, esse Projeto de Lei, e a Casa aprovou e está encaminhando ao Executivo para os procedimentos legais. Tivemos a auditoria das contas do Instituto Sollus. Isso fez parte de uma auditoria especial por parte do Tribunal de Contas do Estado. As contas do ano de 2007 - portanto, de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2007 - foram auditadas em auditoria especial. Nós tivemos o recebimento desse relatório, dessa auditoria, concluído em março de 2009, quando recebemos através dos instrumentos também legais; a Procuradoria recebeu essa informação através da Assessoria Jurídica do Prefeito Municipal, que é a quem cabe e tem competência para fazer a observação dos relatórios do Tribunal, trata-se daquela famosa senha que alguns jornais noticiaram. Pois bem, cabe à Assessoria Jurídica do Prefeito a senha de acesso. Tendo acesso ao relatório da auditoria de 2007... Nós não temos até aqui conhecimento do resultado da auditoria de 2008 ou de 2009 por parte de quem cabe, por parte de quem regula, por parte de quem tem competência de fazê-lo. O Tribunal de Contas se pronunciou em março de 2009, e o Prefeito não tem acesso ao relatório, que não está concluso, e relatório concluso significa aquele que o Conselheiro firmou, não é nas instâncias interiores que se proporciona o acesso ao Prefeito. O acesso ao Prefeito se dá ao final, e nós tivemos o acesso em março de 2009 e, já em março de 2009, tomamos providências.

Havia, sim, um conjunto de documentos fiscais que não estavam adequados do ponto de vista da forma, que não estavam descritos como determina o Tribunal de Contas. Não havia e não houve, por parte do Tribunal de Contas do Estado, uma manifestação que viesse a essa questão de notas fraudadas. Tivemos a informação das notas fraudadas. Imediatamente, tomamos providências, e as providências orientadas pela Procuradoria-Geral do Município foram no sentido de que buscássemos, junto ao Tribunal de Contas do Estado, requerer uma tomada de contas especial. Essa tomada de contas especial, que foi datada de 27 de abril, dá conta de que nós tínhamos que aprofundar e constituir uma equipe de trabalho, de funcionários públicos, uma equipe que viesse a fazer uma auditagem mais firme, mais aprofundada, sobre os documentos fiscais apresentados. Quero dizer...

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. JOÃO BATISTA LINCK FIGUEIRA: Com licença? Muito obrigado. Bom-dia a todos, senhoras e senhores! Eu acho, Secretário Clóvis, que cumpre registrar que, na apreciação das contas do Prefeito, de 2007, três para quatro dias antes do término do prazo da apresentação dessas contas, chegou a notícia da existência de algumas notas falsas. Tão logo e precedendo a esse prazo, nós fizemos, no dia 22 de abril, a representação ao Ministério Público dando ciência disso e já pedindo a própria intervenção no Instituto. Após isso, sim, como nós não tínhamos o levantamento completo dessa situação, aí nós sugerimos a tomada de contas especial, mas, tão logo se soube da existência, fez-se a representação, não se respondeu no que se referia a essas notas, porque nós, naquele prazo, não teríamos tempo suficiente para análise, e aí se sugeriu a tomada de contas especial.

 

O SR. CLÓVIS MAGALHÃES: Duas foram as atitudes do Prefeito no ordenamento dessa questão: a tomada de contas especial e a sindicância para apuração de responsabilidades no âmbito da Secretaria, e isso foi instalado pelo Secretário da Saúde, a sindicância, e, pela Procuradoria, a tomada de contas especial.

Não bastasse isso, tão logo se obteve o resultado da apuração desses documentos, fomos ao Ministério Público Estadual. Lá solicitamos ao Ministério Público Estadual que compartilhassem conosco a promoção de uma intervenção no Instituto com o sequestro de bens àqueles de responsabilidade, a fim de resguardar os interesses do erário. O Ministério Público interpretou o nosso documento e entendeu divergente dessa posição, dizendo que ainda não haveria a consolidação de informações suficientes a esse ato, que é um ato de força, é um ato, eu diria, de uma intervenção sobre um parceiro. O Ministério Público entendeu, à época, que nós deveríamos usar de outros instrumentos.

Ao mesmo tempo - aí, sim, com o acolhimento do Instituto Sollus -, a conta provisão, que é a conta que garante os direitos dos trabalhadores e que garante o direito das rescisões contratuais, passou a ser gerenciada com a anuência da Prefeitura junto ao Banco do Brasil, de tal forma que não haveria mais a possibilidade de qualquer outro desvio que porventura pudesse ocorrer, porque somos sabedores de que o Instituto Sollus também busca esclarecer essa questão no âmbito de uma investigação policial, que é pertinente, e, portanto, já fez chegar a esta Casa todo um conjunto de argumentos e justificativas para esse fim.

Por fim, tendo essa posição do Ministério Público, fomos à Justiça e representamos junto ao Judiciário. Essas questões mais específicas eu gostaria que o Procurador pudesse expor aos senhores, porque elas são de um mundo do qual eu não tenho competência. Aqui me cabe dizer que todas as medidas, as medidas administrativas e jurídicas que cabem ao gestor, foram e estão sendo tomadas, de tal sorte que os valores, que a tomada de contas especial encontrou e produziu como dado, estão agora sendo inscritos em dívida ativa para o ressarcimento dos cofres públicos.

 

O SR. JOÃO BATISTA LINCK FIGUEIRA: Na sequência, tão logo comunicamos ao Tribunal de Contas a intenção da instauração da tomada de contas especial e da sindicância no âmbito da Secretaria da Saúde, já com base na própria resposta do Ministério Público, em que ele dizia inclusive que nós éramos colegitimados para intentar a ação, e seguindo até o estilo de precaução, no sentido de se ter dados mais concretos, porque realmente ela é uma medida forte - uma intervenção sempre é algo bastante complicado, notadamente quando se está trabalhando com serviço essencial, como é a saúde, como é a questão do PSF -, instaurada a tomada de contas especial, nós no final de julho, início de agosto, já começamos a delinear o valor efetivo.

Essa tomada de contas foi constituída por dois Procuradores, dois Auditores da Fazenda, mais um servidor da Gestão e mais um da Saúde, e se chegou ao valor - em notas que nós entendíamos falsas e ou irregulares - em torno de 5 milhões e 800 mil. Tão logo tivemos essa inconsistência probatória, intentamos a ação civil pública com o pedido de intervenção no Instituto. É uma medida - quem milita no meio jurídico sabe - bastante difícil, bastante complicada, tanto que o Juiz de 1º Grau não só não concedeu a liminar, sem a qual perderia um pouco o sentido, como entendeu pela impossibilidade jurídica do pedido. Nós apelamos, e este ano veio a resposta do Tribunal de Justiça dizendo que o nosso pedido era pertinente, que era possível juridicamente. Só que ele mantinha a extinção do processo, não mais pela impossibilidade jurídica do pedido, mas por uma causa processual superveniente que é a própria extinção do termo de parceria. Então, na realidade, as medidas técnicas adotadas foram essas.

Eu continuo adentrando na questão da inscrição depois da dívida ativa? (Pausa.) É lógico que, com essas medidas tanto de representação do Ministério Público como na questão da via judicial, em que nós não tivemos a acolhida, a pretensão que nós deduzíamos lá, o Município não poderia ficar parado, nem ficou a Procuradoria parada em relação àquele valor que nós mesmos havíamos apurado, que era na ordem de 5 milhões e 800 mil. Adotando o rito da lei do processo administrativo federal, nós instauramos toda uma comissão com três Procuradores, para fazer a inscrição desse valor em dívida ativa. Claro que dando um prazo, porque estamos num Estado Democrático de Direito. Tu tens que ter o devido processo legal, tu tens que dar o direito ao contraditório, e precisávamos e precisamos que a constituição desse título, sob todos os pontos de vista, inclusive formal, esteja perfeito. Então ainda está nessa fase de processo, nessa fase de prazo ao Instituto, que eu já antecipo até neste momento que não trouxe nada que realmente viesse a elucidar de forma categórica esses 5 milhões e 800 mil.

Então estamos trabalhando, pretendemos, em março ou abril, estar com esse processo concluído, para que possamos ingressar com a execução. E aí eu fiz a referência de achar que foi bem-vinda a intervenção tanto do Ministério Público Federal como da própria Polícia Federal, porque nós ficamos um ano na Procuradoria intentando medidas que viessem a resguardar o interesse público e o ressarcimento do erário, talvez com essa atuação em que, se o Ministério Público Federal e a própria Polícia Federal conseguissem a indisponibilidade de bens, e a gente consiga ao final desse processo fazer a inscrição, inscrever em execução, se tenha onde efetivamente buscar. Foi nessa razão que eu até saudei como bem-vinda essa própria atuação do Ministério Público Federal, que eu preferia - já tinha dito isso à imprensa - que ela tivesse acompanhado no ano passado, quando nós fazíamos as nossas medidas, que não tiveram o sucesso que nós almejávamos na época. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. CLÓVIS MAGALHAES: Bem, eu acho que esses são os esclarecimentos. Novamente, reafirmo o meu agradecimento a esta Casa e me ponho à disposição para eventuais dúvidas que sejam colocadas aqui, para que possamos ainda mais esclarecer.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; saúdo aqui o nosso Secretário Municipal de Gestão; como também o Procurador; o Presidente do Conselho Municipal de Saúde; colegas Vereadores e Vereadoras; saúdo todo o Controle Social que está aqui presente.

Com certeza, todos nós poderíamos ter aqui no mínimo 20 minutos e não cinco minutos, para podermos expor aqui o que a gente também conhece, um pouco, porque nós discutimos ao longo desse período aqui na Casa.

Como membro da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, tenho acompanhado de perto toda essa problemática, eu diria que, de fato, o Secretário Municipal de Saúde, o professor Eliseu Santos, cometeu inúmeras irregularidades. Dentre elas, nobre Secretário, eu diria que a licitação que teria sido feita, e se nós formos verificar na Lei das Licitações nº 8.666, jamais se procederia da forma como o Governo procedeu em relação à contratação de uma empresa que viesse substituir a FAURGS naquele momento, agosto de 2007. Por si só isso já nos dá uma demonstração de profunda preocupação quando o Secretário Eliseu Santos foi a São Paulo e trouxe na sua cartola a OSCIP Sollus. Pois essa Sollus tinha como um dos diretores o Sr. Igor Dias da Silva, que era o mesmo diretor da Interset. De certa forma, ele dizia ser tesoureiro, diretor comercial da Interset, mas ao mesmo tempo tesoureiro da Sollus. E nós sabemos, por uma questão de prevenção e até mesmo de preocupação naquele momento, que jamais se faria a contratação de uma empresa que tivesse o mesmo diretor, sobretudo se a concorrência foi entre elas. Esse foi o primeiro erro, gravíssimo, que infelizmente o Secretário Municipal de Saúde cometeu naquela época da substituição da FAURGS pela Sollus. Por essa razão também nós percebemos que com relação à Sollus, por não ter tido experiência nenhuma, ou as experiências obtidas em diversos lugares tiveram problemas, com certeza nós não teríamos condições de contratá-la. Vejam os senhores: registre-se ainda que o Instituto Interset enfrentava na época, na Justiça Federal do Estado da Paraíba, uma ação pública de processo nº 02266.82.02.000544-1, à qual, em sentença, reconheceu irregularidades na utilização de recursos do SUS repassados pelo Município de Souza à Interset, pertinentes à falta de licitação naquela época. Além disso, igualmente o Prefeito do Município de Serra Talhada foi multado pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco em face da celebração de termos de parceria com o Instituto Interset. O mesmo diretor da Sollus que veio gerenciar o Programa de Saúde em Porto Alegre!

Todos nós sabemos, inclusive a Câmara de Vereadores, que esses procedimentos adotados pelo Conselho Municipal de Saúde, que é o Controle Social e que tem a mesma atribuição do Vereador de fiscalizar os serviços da saúde, fez alguns registros que foram importantes. Eu passo a lê-los aqui, porque esse programa de ações é de extrema importância. (Lê) “Em 22 de agosto de 2007, é publicado o edital de seleção e contratação de pessoal pelo Instituto Sollus para o PSF em Porto Alegre. Em 23 de agosto de 2007, o Tribunal de Contas do Estado bloqueia a efetivação do convênio com o Instituto Sollus”; 23 de agosto de 2007.

“Em 23 de agosto de 2007, o Secretário Eliseu Santos anuncia que a PGM estuda medidas jurídicas para assegurar a parceria com o Instituto Sollus, alegando que a cautelar expedida pelo Tribunal de Contas do Estado suspendendo o contrato foi uma decisão individual do Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Hélio Mileski.

“Em 5 de setembro de 2007, o Conselho Municipal de Saúde emite documento com breve histórico sobre o PSF em Porto Alegre, bem como avaliação do processo de instalação do Programa de Saúde em Porto Alegre.

“Em setembro de 2007, o Secretário Eliseu informa ao Conselho Municipal de Saúde, através de ofício, o retorno às atividades do PSF.

“E a partir de 12 de setembro de 2007, o Instituto Sollus passa a contratar os profissionais do PSF, com exceção dos agentes comunitários, que, na época, foram garantidos pela Emenda Constitucional nº 51 e foram absorvidos pelo Poder Público.

“Em 11 e 31 de setembro de 2007, em reunião com o Ministério Público Estadual, solicitada pelo Conselho Municipal de Saúde, são entregues prestação de contas, planilhas financeiras e plano operativo relativo ao convênio com o Instituto Sollus.

“Em 23 de outubro de 2007, a Promotoria da Justiça de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público Estadual recomenda ao Prefeito Municipal suspender o imediato repasse de verbas antecipadamente ao Instituto Sollus.” Em 23 de outubro de 2007!

“Em abril de 2008, o Conselho Municipal de Saúde realiza análise preliminar das prestações de contas do Instituto Sollus, onde ficam evidentes indícios de irregularidades no uso de recursos ora repassados.”

Por outro lado, percebemos que o Instituto Sollus, ao entregar o seu Relatório para a Câmara de Vereadores, é réu confesso. Réu confesso quando diz o seguinte: (Lê) “Ex-coordenador de compras do Instituto Sollus, Ricardo Murilo Newman, cometeu crime de estelionato e de falsificação de documento contra a instituição.” Ora, contra a instituição ou contra o Poder Público? Afinal de contas, quem foi que pagou a Sollus? Foi o Poder Público ou não?

Lá no final do relatório: “O Diretor ressalta que os serviços foram devidamente prestados e aprovados pela Secretaria Municipal da Saúde. Segundo Dias, foi a própria entidade que propôs a suspensão do pagamento das despesas operacionais, enquanto a Prefeitura realiza a tomada de contas especiais.” Portanto, o Governo está dizendo uma coisa, a Sollus está dizendo outra, e o Controle Social está dizendo, de fato - comprovando inclusive com inquérito na Polícia Federal -, que realmente foram desviados muitos recursos, dentre os quais, a Polícia está dizendo, nove milhões de reais. Secretário, V. Exª diz que inclusive alguns valores vão ser ressarcidos ao Poder Público. Quais valores e referentes a que serviços que a Sollus teria feito e que os senhores não reconhecem?

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Quero cumprimentar os Secretários; o Presidente Tessaro, e parabenizá-lo pela condução da Casa; a Presidente Letícia; quero parabenizar o Controle Social e todas as entidades que estão aqui, que são, na verdade, os grandes responsáveis por estarmos corrigindo um grande erro que aconteceu na Prefeitura de Porto Alegre e recursos desviados. Isto nós queremos aqui reconhecer! E reconhecer também que vocês são fundamentais, portanto, para a democracia e para o bom uso do recurso público, que a gente não tem visto neste Governo porque desrespeita, reiteradamente, o Conselho Municipal de Saúde.

O primeiro ponto que quero tratar, divergindo um pouco do Secretário Clóvis, é que a contratação da Sollus, na verdade, não tinha, necessariamente, que ocorrer em função do término do convênio com a FAURGS. O próprio Tribunal de Contas registrou que 134 dias antes do término do convênio com a FAURGS a mesma informou que não gostaria mais de atuar no PSF. Então, o primeiro relatório, aquela primeira auditoria do Tribunal de Contas, destacava que a Prefeitura não tomou providências, não fez os procedimentos necessários para substituir a FAURGS de forma legal e transparente. O Tribunal de Contas aponta que a Prefeitura iniciou o procedimento de contratação do Instituto Sollus em 1º de agosto, e no dia 17 de agosto formalizou a parceria. Os documentos que o Instituto Sollus apresentou à época datavam de julho; portanto, antes da abertura do processo. E ainda, o Tribunal de Contas, à época, afirmava que... Passo a ler literalmente o que está escrito no relatório do Tribunal (Lê.): “A tramitação do processo de contratação do Instituto Sollus revelou ausência de transparência dos procedimentos adotados pela Administração Municipal, haja vista que durante a execução dos trabalhos de auditoria não foi informada à equipe do Tribunal que o Poder Executivo chamou várias instituições do Rio Grande do Sul e que existiam cinco propostas que foram analisadas pela Secretaria da Saúde, conforme afirmação do Prefeito Fogaça na Rádio Gaúcha”. Isso está no relatório do Tribunal de Contas: que solicitou cópia desses documentos e não recebeu; e que, na verdade, teriam sido analisadas outras entidades para escolher, por final, o Instituto Sollus - o que manda, como dizia o Ver. Oliboni, a Lei das Licitações, a lei do tratamento dos recursos públicos. Só lembrando isso para dizer que a Prefeitura foi extremamente irresponsável ao contratar esse Instituto.

Depois, o Secretário Clóvis falava do problema da taxa de administração com a FAURGS - eu tenho aqui dados do Conselho Municipal de Saúde que mostram que, enquanto com a FAURGS era 11% o percentual de administrativo em relação à folha de pagamento, com o Instituto Sollus, em média, corresponde a 19,91% do valor da folha o gasto com administrativo. Portanto, aumentou muito, foi lesado o cofre público. E isso considerando que os Agentes Comunitários de Saúde não estão sendo gerenciados pela Sollus, então uma parte do serviço a Prefeitura assumiu; portanto, o gasto é maior. E isso é de conhecimento da Prefeitura desde o primeiro mês da SMS; certamente se tem algum controle disso.

Bem, olhando os documentos que geraram e estão indicando a fraude, eu já falei em tribuna isso, a gente se surpreende, se assusta de como a Prefeitura Municipal aceitou, Srs. Vereadores, determinadas notas fiscais. Porque pela minha experiência de gestora, no caso das creches comunitárias, que é um convênio que temos há 14, 15 anos, um convênio que despende 18, 20 milhões de reais/ano - eu acho que está em 25 milhões de reais/ano, não tenho ideia do valor -, e a Prefeitura de Porto Alegre é muito chata com as entidades comunitárias a cada centavo: se tem uma nota que apresenta uma rasurinha, a nota volta, Secretário Clóvis. Nós não aceitamos diferença de centavos: nem nós, na nossa época; nem vocês nesta época. São bastante chatos lá na SMED com qualquer gasto. Ora, a Sollus tinha o privilégio de apresentar uma nota escrevendo “suprimento de informática”, e colocar o valor lá embaixo. Que suprimento de informática é esse? E mais: planejamento de rede lógica no Município de Porto Alegre, R$ 4.400,00. A PROCEMPA não faz este trabalho? Esta nota é escandalosa: locação de duas mesas de datashow para palestra – palestra no singular –, R$ 3.820,00. Aí tem uma nota escrita à caneta, e por aí vai: diversos materiais de escritório, R$ 1.845,00. Que materiais são esses? Se as nossas creches miseráveis – miseráveis no sentido de simples, de afastadas -, elas prestam contas de cada centavo, e as notas têm que ser esclarecidas de quantos quilos de arroz e de feijão, e o pessoal da SMED pergunta: “Por que tanta carne?”, e volta a nota porque compraram muita carne para uma creche comunitária. A Sollus, com milhões, se dava ao luxo de escrever à mão: “diversos materiais de escritório, diversos materiais de escritório.” E assim vai. São notas que não têm nenhuma consistência. E alguém pagou! Aí, a minha pergunta: o que resultou a sindicância que o Município fez? Identificou quais são os gestores públicos? É impossível – impossível! – a Sollus ter enganado alguém tão grosseiramente, porque o Município pagou isso e tem que conferir – que eu saiba – a prestação de contas de tudo o que paga. Então, quem é o responsável ou quem são os responsáveis por todo esse dinheiro pago, tão mal fundamentado para o Município de Porto Alegre?

Essas são as questões: o Município está tomando providências estranhas, eu acho que vamos inscrever em dívida ativa, vamos denunciar. Só que o gestor público, desde o início, contratou muito mal a Sollus – na nossa opinião -, desde o início foi alertado - o Oliboni leu aqui várias questões - pelo Conselho Municipal de Saúde, pelo Tribunal de Contas, pelos funcionários; as notas são escandalosamente fraudadas, não explicativas, e são pagas. Em que resultou, então, a sindicância? Quem vai dar conta desse recurso? E não vai cair isso no processo judiciário? Porque isso tem responsabilidade pública, e nós temos que apurar para não continuar acontecendo.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Maria Celeste está com a palavra.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro, meus cumprimentos nesta data de hoje; Secretário Clóvis Magalhães; Dr. João, Procurador; Letícia, do Conselho Municipal, quero saudá-los pela iniciativa de estarem aqui na Câmara, mas também fazer um registro: eu acho que o Secretário da Saúde deveria estar aqui respondendo pontualmente sobre todas as nossas dúvidas que, neste momento, trazem essa questão do Instituto Sollus, pois, Secretário, desde 2007 a Câmara Municipal tem acompanhado e tem denunciado as irregularidades nessa contratação. Eu lembro que tivemos Audiência Pública nesta Casa solicitando informações, o Secretário da Saúde saiu dessa audiência extremamente irritado. Lembro-me de que a Assessora Jurídica da Secretaria era a Srª Cláudia, e parece-me que agora não está mais na Secretaria de Saúde e é uma das Diretoras do Instituto Sollus. Lembro-me de que tivemos vários problemas que anunciamos naquela época, portanto, temos acompanhado de perto essa questão desse convênio.

Solicitei um Pedido de Informação sobre o contrato estabelecido entre a Sollus e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que me foi fornecido. Uma das atribuições do Município, nesse contrato, é fiscalizar a aplicação dos recursos repassados, observando o plano de trabalho apresentado. E uma das atribuições da OSCIP é apresentar, quando solicitados pela Secretaria, comprovantes de regularidade fiscal trabalhista e social, devidamente atualizados. Parece-me que, estando no contrato, deveria ser um procedimento de rotina e normalidade da Secretaria e da OSCIP a prestação de contas devidamente atualizada que parece não aconteceu, embora a Prefeitura Municipal de Porto Alegre tenha sido reiteradamente colocada à análise pelo Conselho Municipal da Cidade. Aliás, a prestação de contas do Instituto Sollus passa também pelo Conselho Municipal que alertou a Prefeitura sobre todas as irregularidades. E eu gostaria de ter a opinião dos senhores sobre essas irregularidades apontadas em abril de 2008; não foi agora que veio à tona o escândalo através da Polícia Federal. Eu gostaria de saber por que não é, assim como o Conselho, discriminada na prestação de contas a relação dos trabalhadores pagos mês a mês pelo Instituto Sollus? Nós gostaríamos de saber também, a Verª Sofia já fez referência a isso, uma vez que o senhor colocou na sua primeira abordagem que, segundo Lei Federal, não se pode gastar mais de 10% na taxa de administração, por que era pago para o Instituto Sollus 19,9% do valor folha de pagamento para essa taxa de administração? Isso está no relatório enviado pelo Conselho Municipal em 2008 para os senhores, e os senhores têm conhecimento, a Secretaria da Saúde tem conhecimento dessas questões. Também houve - e aqui passo a relatar – a questão de que nos gastos feitos na prestação de contas de setembro de 2007 a abril de 2008 foram salientadas várias questões. Várias questões; dentre delas a relação dos gastos discriminados, cuja média mensal é superior ao previsto no contrato, conforme tabela que foi encaminhada. Então, essas são algumas irregularidades. A Verª Sofia apresentou as notas, há outros exemplos, e eu vou seguir colocando mais alguns. Se a despesa é maior com essa gestão de recursos humanos, o que incluiu a capacitação do pessoal do PSF na contratação com a FAURGS, como havia a previsão da participação da UFRGS, a capacitação técnica era feita sem ônus para o Município; na contratação com o Instituto Sollus essa capacitação gera ônus para o Município. E o interessante é que o Instituto Sollus lançava mão de duas entidades em especial para isto: a Associação Universitária da Zona Leste e a Fundação Ibirapuera de Pesquisa, ambas de São Paulo; a relação toda dessa entidade é São Paulo.

Também foram encontradas despesas com consultorias e assessorias diversas, onde não foi possível identificar os produtos contratados, mas, na sua maioria, são originárias de empresas de São Paulo. Parecem-nos muito estranhas todas essas questões.

Segue uma série de questões do Conselho Municipal e eu leio apenas algumas delas, porque o meu tempo é curto. Também nos preocuparam as despesas com comunicação e marketing, que incluíram campanhas de mídia, publicidade e até adesivação de veículos com a logomarca do Instituto Sollus. Pode-se presumir que essas despesas são originárias de materiais, como também as campanhas, enfim, como um boletim informativo - o Informa Sollus - com uma tiragem de 10 mil exemplares. Quem pagou isso? Então, todas essas questões, e estou salientando algumas, foram levantadas e encaminhadas em 2008 para o Sr. Secretário; portanto, de conhecimento da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Parece-nos extremamente preocupante, inclusive, o envolvimento de empresa de Vereadores da cidade de São Paulo na contratação. Enfim, o que nos preocupa, Secretário, é que tudo isso foi alertado pela Câmara Municipal, foi alertado pelo Conselho Municipal, tem análise dos relatórios trabalhada pelo Controle Social da Cidade. Aliás, quero parabenizar o Conselho Municipal que tem feito isso reiteradamente, sem a mínima condição de gestão, sem contratação, sem consultoria, sem assessoria; é a própria vontade do Controle Social trabalhando nesse sentido. E isso, desde 2008, é de conhecimento da Secretaria Municipal, portanto, da Prefeitura Municipal.

Eu gostaria que o senhor nos informasse qual a resposta que foi dada efetivamente pela Secretaria para o Conselho Municipal diante dessas questões enviadas.

Por fim, rapidamente, Sr. Presidente, nós ouvimos pela rádio o Prefeito colocando que foi rompido o contrato com a Sollus e que havia um depósito em juízo desse recurso que teria de ser pago pela Sollus. Gostaria de saber se, de fato, isso procede, qual é o valor e a partir de que data isso foi efetivado na Cidade.

Então, são essas as nossas considerações e, mais uma vez, nós reiteramos que não é a primeira vez que tratamos deste tema na Câmara, lamentavelmente. Agora, nós queremos que não seja a última, Sr. Presidente, nós vamos trabalhar junto a esta Casa, inclusive com o pedido de uma CPI específica do Instituto Sollus neste momento. Obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Nós tivemos as manifestações do Ver. Oliboni, Verª Sofia e Verª Maria Celeste, passo a palavra ao Ver. Adeli Sell.

 

O SR. ADELI SELL: Quero cumprimentar os representantes da Prefeitura, cumprimentar o nosso Presidente, a representação do nosso Conselho. E embora o tema específico seja a questão da Sollus, eu acho importante que os senhores possam nos trazer um pouco a ligação desse momento com o atual momento. Como é que se encontra o contrato com a nova instituição, que é o Instituto de Cardiologia? Porque nós queremos evitar – e a Câmara tem o papel de fiscalização – repetições de problemas. Porque nós acreditamos que algumas instituições, infelizmente, não têm colaborado com a lisura, com a transparência; e a nós, Vereadores, cabe fiscalizar o Executivo, essa é a nossa função. Então, nós gostaríamos também de saber como é que está essa transição, como é que está essa vinculação com as novas medidas legislativas que nós aprovamos aqui. Para nós é importante que tenhamos as informações, principalmente – pergunto ao nosso Procurador -, sobre essas tais notas, porque há muita coisa que saiu e eu queria saber exatamente como pode uma instituição aportar esse tipo de nota e como é feita a averiguação disso. Porque nós temos problemas aqui em Porto Alegre, e não é a primeira vez que isso acontece. Eu detectei, no passado, problemas com algumas cooperativas; e eu louvo, por exemplo, que, depois de muita batalha, o próprio Procurador tomou algumas medidas e, pelo que eu estou sabendo, agora, em fevereiro, haverá o rompimento – antes tarde do que nunca – com a Algert, na SMAM. Então, eu acho que para essa espécie de terceirização tem que haver um cuidado muito grande. Eu não sou contra a terceirização, todo mundo conhece a minha opinião, mas acho que há terceirizações e terceirizações. Essa é a minha questão.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Sr. Clóvis Magalhães está com a palavra.

 

O SR. CLÓVIS MAGALHÃES: Em primeiro lugar, em relação à manifestação do Ver. Aldacir Oliboni, trata-se, aqui, de dois esclarecimentos: não se trata de um contrato; efetivamente não é um contrato, é figura jurídica específica, está baseado em Marco Regulatório, há lei que trata, não de empresa, também é uma questão importante, é uma OSCIP, e tudo isso remete a um outro conjunto de interpretações. Então, a primeira medida que tomo é esclarecer esses dois aspectos: o senhor levantou aqui a questão da contratação; não há contratação. O senhor mencionou aqui a empresa; não há empresa. Nós estamos tratando de duas coisas distintas e, por conta disso, somos remetidos a um contexto de interpretações jurídicas também distintas.

Então, a questão que nós queremos fazer chegar ao senhor é que isso tem, sim, o controle do Tribunal de Contas. Faço aqui a leitura do que está expresso no Parecer do Dr. Mileski, que diz (Lê.): “O Sr. Prefeito Municipal José Fogaça, demonstrando elevada responsabilidade de administrador público, preocupado em atender não só às exigências do órgão fiscalizador, mas, sobretudo, à manutenção do Programa de Saúde da Família para mais de 300 mil usuários do sistema, fundamentalmente crianças, gestantes e idosos, imediatamente à intimação promovida [essa que o senhor mencionou], qual seja, em cinco dias após a realização, ao final da tarde, do dia 27 de agosto, encaminhou esclarecimentos e farta documentação de apoio às razões apresentadas no sentido de demonstrar os fatores que levaram a Administração Municipal a proceder na celebração do Termo de Parceria com o Instituto Sollus. Os motivos reveladores, por ser essa uma contratação temporária, às quais as reformulações que pretende efetuar na reorganização da Saúde municipal com realização de concurso público [aqui está o TAC, nós já estávamos firmados no TAC], efetivamente à questão apresentada são relevantes. [Então, essa é uma manifestação que vem do Conselheiro.] O Tribunal do Pleno, à unanimidade, acolhendo o voto do Sr. Conselheiro-Relator por seus jurídicos fundamentos, decide [esta é a decisão] revogar a Medida Tutelar expedida à fl. 145 do Processo. [Essa é a decisão: revogar a Medida Cautelar expedida à fl. 145 do Processo] E que o Processo retorne à supervisão de instrução de contas municipais no sentido de dar continuidade aos procedimentos de análise de mérito.”

Portanto, foi revogado pelo Tribunal de Contas. E esta é a manifestação do Conselheiro: ele analisou o Termo de Parceria com a OSCIP; não foi contrato, tampouco foi empresa. Portanto, a Lei nº 8.666 se aplica, sim, a concursos, através de editais de concorrência pública para contratação – estamos aqui a tratar de um outro expediente.

A segunda questão, que foi trazida aqui pela Verª Sofia, é com relação à expedição das notas e ao controle. Esse controle, assim como na Secretaria de Educação, é feito na Secretaria da Saúde por funcionários públicos. São os órgãos de controle, com funcionários contratados, que exercem a sua função. Não é gestor, não é homem de competência política que decide sobre prestações de contas. E mais do que isso: a Secretaria da Fazenda tem uma auditoria que faz, sistematicamente, a aferição desses controles, e lá na Auditoria da Secretaria da Fazenda também já existiam apontamentos e pedidos de esclarecimentos relativos a documentos fiscais apresentados. Nada do que a senhora demonstrou aqui não é do nosso conhecimento através da tomada de contas especial. Portanto, através de funcionários públicos nomeados por Portaria, foi feito, sim, um controle das contas e das notas e foram identificadas aquelas que não estavam adequadas à prestação de contas. E isso disse aqui o Procurador, que nós já aferimos, nas contas apresentadas, um volume de recursos a serem ressarcidos. Então, não há nada de novo, tudo é verdadeiramente reconhecido pela Administração pública como algo a ser buscado da forma que a lei permitir.

A Verª Maria Celeste referiu-se a manifestações desta Casa: todas foram acolhidas, todas foram respondidas. Da parte do Executivo Municipal, há um respeito absoluto às manifestações dos Vereadores, não negamos essa informação, mas trabalhamos com a informação adequada a ser tratada pelo executor e ela se dá a partir do Tribunal de Contas do Estado; e é do Relatório do Tribunal de Contas do Estado que foi absolutamente respondido, tratado adequadamente, dando conta do que estávamos a ver.

As questões relativas a documentos fraudados que lesam ou que possam vir a lesar o Poder Público são as ações que vim apresentar a esta Casa. E essas são as ações tanto de ordem administrativa como jurídica, que já foram orientadas pelo Sr. Prefeito, cuja explicação foi aqui posta pelo Procurador. Nós não nos ausentamos de nenhuma das condições de ação que cabem ao gestor público e estamos dando sequência a isso. É óbvio que não há aqui a intenção de não fazer pelos critérios da Justiça. O Judiciário irá se pronunciar, porque as ações da Prefeitura já estão postas, e, a partir do Judiciário, vamos ainda tomar novas ações. Portanto, não resta dúvida de que temos, sim, que continuar nesse caminho.

E aqui queremos novamente agradecer, já encerrando a nossa participação, com relação às questões da FAURGS. Ela se ausentou, ela não quis, ela decidiu e oficiou. Nós buscamos solucionar algo essencial à Cidade e agimos no tempo dessa necessidade, e quero lhes afirmar que em momento algum do Governo da atual Administração houve falta de atendimento ao Programa de Saúde da Família, e, pelo contrário, nós não afirmamos que havia número de equipes que não se constituíam por cinco médicos. Todas as equipes de Programa de Saúde da Família que a atual Administração diz que estão instaladas se constituem por cinco médicos. Agora, houve um tempo em que isso não era verdade, em que existiam estatísticas do Programa de Saúde da Família, mas não se constituíam com médicos, e aí o ato médico não era atendido, e não sei se isso era propriamente atenção à saúde da família. Das totais 97 equipes que existem, estão as 97 equipes constituídas na sua plenitude; mas houve um tempo em que não era assim.

Agradeço mais uma vez, Presidente, e me coloco à disposição dos Srs. Vereadores. Quero informar ao Ver. Adeli - a relação com o Instituto de Cardiologia é uma outra pauta, mas é importante ressaltar – que estão em plena execução de atenção as 97 equipes de Programa de Saúde da Família, e o Instituto de Cardiologia tem sido um parceiro leal na execução desse processo. Tão logo tenhamos o recebimento do Projeto de Lei aprovado pelos Srs. Vereadores, vamos ainda avaliar como da sua implementação. Portanto, acho que temos, sim, uma estratégia de consolidação do Programa de Saúde da Família no Município de Porto Alegre.

Presidente, eu vou pedir que o Procurador se pronuncie, se possível.

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. JOÃO BATISTA LINCK FIGUEIRA: Ver. Adeli, relativamente à providência no que se refere às notas - o senhor disse como passaram -, é como o Secretário Clóvis havia dito: há um controle que se opera dentro da própria Secretaria. Quanto à sindicância, ela não passa, nem é atribuição nossa, da Procuradoria, ela aconteceu no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde, e o titular vai responder por esse ato que é dele, tanto da instauração como do término ou da eventual apuração, porque ele é a autoridade máxima em relação a isso.

As notas, muitas vezes, nesse detalhamento em que o Secretário Clóvis até fez a menção de que teria voltado na decisão da revogação, quando voltou para essa inspeção - esses quatro meses de 2007 -, ficaram 14 meses, mais ou menos com o Tribunal de Contas, antes de voltar para o Município de Porto Alegre. Lá, claro, se fala dessa questão do detalhamento que a Verª Sofia Cavedon havia colocado, como nós apontamos na tomada de contas especial, mas não se falou, em momento algum, quanto à falsidade ou veracidade do documento, mas sim com relação à maneira como ele foi posta.

Da relação com o Instituto de Cardiologia: foi escolhido, foi firmado o convênio em função do próprio vínculo até com o Estado, a exemplo do que nós também temos com o Hospital Moinhos de Vento, com o Hospital Divina Providência e com o Grupo Hospitalar Conceição. E esse foi o norte jurídico que se buscou calcar na relação de ser integrante do SUS e ter um vínculo com o Estado. Então, é a tentativa de construção para que não houvesse dissolução de continuidade também desse Programa.

Os documentos estão todos na Procuradoria, alguns estão com o Secretário Clóvis e os demais são documentos públicos, que estão à disposição de quem quer que seja, inclusive para algum esclarecimento maior; e nós estamos à disposição na Procuradoria. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Nós queremos agradecer pelo comparecimento do nosso Secretário de Gestão Clóvis Magalhães, do nosso Procurador Batista Linck de Figueira e também dizer aos nossos Vereadores que o documento recebido pelo Instituto Sollus está à disposição da presidência para quem quiser fazer cópia. E vamos suspender por um minuto a nossa reunião para as despedidas; daremos continuidade à reunião logo a seguir.

 

O SR. CLÓVIS MAGALHÃES: Novamente agradeço, colocando-me à disposição para esclarecimentos. Quero reconhecer a importância deste ato. Muito obrigado.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 11h15min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro - 11h17min): Reabro os trabalhos e passo a presidência ao Ver. João Carlos Nedel por uns minutos, porque tenho que me afastar.

 

(O Ver. João Carlos Nedel assume a presidência dos trabalhos)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Solicito que os Vereadores e Vereadoras retomem seus assentos, por gentileza.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Ver. João Carlos Nedel, na presidência dos trabalhos; colegas Vereadores e Vereadoras, senhoras e senhores, eu tenho, durante todo este mês de janeiro, levantado um conjunto de preocupações sobre o estado da nossa Cidade, as condições dos serviços prestados. Vão à Praça da Matriz, por favor, e vejam a árvore que caiu. A tragédia anunciada num documento que fiz há três anos. Pois os senhores e as senhoras encontrarão uma coluna de concreto que havia sido feita no meio dessa árvore. Ela era oca e por isso caiu. Na frente da Assembleia Legislativa outra árvore oca cairá em breve. Anotem! Dessa vez foi em cima de cinco carros, e a Prefeitura vai pagar essa conta. Mas se tivesse sido na cabeça de uma pessoa? As árvores estão com erva de passarinho, morrendo, e nada é feito. Eu propus um plano de poda preventiva, e a minha proposta, feita por técnicos capazes, foi soberbamente desconhecida na época do Secretário Ver. Beto Moesch. Mas, pasmem, o novo Secretário também não implementou nenhuma dessas ações. Eu penso na Cidade, cuido da Cidade, trabalho pela Cidade, então eu peço ao Líder do Governo que leve isso em consideração como uma contribuição para a Cidade. A situação das praças me preocupa em Porto Alegre, porque...

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Silêncio, por gentileza, há um Vereador na tribuna.

 

O SR. ADELI SELL: Porque nós temos um contrato em andamento com a Algert, uma cooperativa que é sabidamente picareta, problemática, que já aprontou na EPTC. A EPTC publicou isso no Diário Oficial, uma das poucas coisas boas que a EPTC fez no ano passado foi romper a relação com a Algert. Eu tive que lutar, por mais de um ano, praticamente todos os dias, para que a SMIC tirasse a Algert de dentro do Mercado Público. Ela deixou o Mercado Público em condições horríveis. E eu vou mostrar, nos próximos dias, um documento em que consta um conjunto de cooperativas que não são cooperativas. E eu quero apelar aos que comigo participam da Frente Parlamentar de Defesa do Cooperativismo, quero fazer uma reunião aqui com a OCERGS e quero cobrar a fiscalização da OCERGS. Não são cooperativas; burlam a lei! São pessoas que têm essas cooperativas, porque sei também das empresas “laranjas” que essas mesmas pessoas trabalham, agem e burlam a Lei nº 8.666/93, a Lei das Licitações. Neste ano eu vou demonstrar aqui que nós temos no Rio Grande do Sul não só o caso da Sollus, que nos trouxe problemas; e eu falo “nos trouxe problemas”, porque eu me incluo, como cidadão desta Cidade, como Vereador desta Cidade. Não é um problema governamental? É um problema governamental, mas é um problema mais amplo do que um problema do Governo. Portanto, eu quero atenção às praças de Porto Alegre, porque a Algert sairá nos próximos dias do contrato da Prefeitura. Quando será a nova licitação, Ver. Nagelstein? Eu gostaria de saber, porque eu quero acompanhar, porque eu quero ver qual é a cooperativa que vai se inscrever, e, se for o caso, eu virei a esta tribuna dizer: “É do mesmo dono da Algert, é do mesmo dono daquela que burlou todas as questões dentro da Prefeitura, a Meta!” E foi através da Superintendência Regional do Trabalho, foi graças ao Superintendente de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, Ver. Luciano Marcantônio, que foi ao Centro Administrativo do Estado, bloqueou o contrato e, inclusive, interditou parte do gabinete da Governadora por causa das condições de trabalho da Meta, que, de cooperativa, não tem absolutamente nada, absolutamente nada! E eu sei e vou dizer aqui - e aqui não é farofa - que eu já estou sabendo que alguns desses mutreteiros estão se preparando para me fazer ataques, assim como ocorreu um dia dentro do Mercado Público, onde uma dessas empresas desses mesmos caras dessas cooperativas armou duas provocações contra mim! Inclusive, eles entraram com um processo na Justiça, mas eu entrei antes deles. E eu vou querer que a Câmara se manifeste se isso for adiante nos tribunais do Rio Grande do Sul, porque não é com processo na Justiça que vão calar este Vereador! Essa não é primeira vez que eu sofro processos! E eu não faço acusações levianas, eu tenho documentos, e nós vamos demonstrar - eu já demonstrei - que a Meta era uma picaretagem. Ela sumiu do mapa, mas, no lugar dela, como fênix, surgiu uma outra das mesmas pessoas, dos mesmos trambiqueiros, ou seja, com aqueles que enganam a população de Porto Alegre, que enganam o serviço público. Eu estou aqui para defender o Erário, eu estou aqui para defender a municipalidade, eu estou aqui para defender a lisura e é por isso que eu vou continuar trabalhando nessa linha, nessa perspectiva, meu caro Ver. João Carlos Nedel. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Muito obrigado, Ver. Adeli Sell.

Eu obtive uma informação equivocada: ao invés de ser de A a Z é de Z a A. Como na quinta-feira não houve a Sessão, tem que ser repetido.

O Ver. Valter Nagelstein .....

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Também pode trocar com o Ver. Reginaldo Pujol.

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): V. Exª seria o próximo.

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Está perfeito. Então, Ver. Valter Nagelstein....

 

(Manifestação fora do microfone. Inaudível.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Mas V. Exª não precisa usar agora.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, nós precisamos estabelecer, nesta Casa, os critérios e as ordens de forma definitiva. Eu não prestei atenção na manifestação do Vereador que antecedeu o Presidente do Partido dos Trabalhadores na cidade de Porto Alegre, e eu até tinha chamado uma pessoa vinculada ao meu gabinete para me trazer alguns elementos, pois eu queria seguir na mesma linha que foi abordada pelo ilustre Presidente do maior Partido da oposição na cidade de Porto Alegre e que, evidentemente, merece o maior respeito por parte deste Vereador. Claro que sendo anunciada a ordem de A a Z, e como o meu nome é Reginaldo Pujol - e todo mundo sabe disso -, eu teria tempo para não vir açodadamente fazer uma manifestação. Até porque, quero com toda justiça dizer que no tema relativamente “a esse romântico equacionamento” do problema das árvores, implantado no Município de Porto Alegre, o Vereador tem ampla razão, porque, a pretexto de se preservar o meio ambiente, entende-se que algumas árvores são eternas. E eu tenho constantemente afirmado - a Ver. Maria Celeste é minha testemunha - que existe uma série de equívocos: árvores que são feitas, Ver. Raul, V. Exª que é um ambientalista responsável, para serem plantadas nos matos, na área rural, são plantadas nos parques; árvores que devem ser plantadas nos parques são plantadas nas praças; árvores que têm que ser plantadas nas praças - Ver. João Dib, Vossa Excelência sabe que nós plantamos muitas árvores, selecionávamos antes - são plantadas em vias públicas, em lugares onde árvores com raízes tubulares não podem ser plantadas. Se nós andarmos na cidade de Porto Alegre - e o Ver. Adeli trouxe dois exemplos, na Praça da Matriz, que é mais eloquente, porque é em frente à Catedral, ao Governo do Estado, ao lado ao da Assembleia Legislativa, do Tribunal -, na frente do meu edifício, nós temos uma árvore cujas raízes teimam a crescer, já tomaram conta do passeio público e certamente vão ocasionar, cedo ou tarde, algum tipo de acidente, que eu espero não ser igual ao da Praça da Matriz. Ora, o que acontece é que existe uma corrente no Município de Porto Alegre que tem repercussão em todo Estado, em todo o País, em todo o mundo, que coloca a ideia da preservação acima de qualquer debate, de qualquer discussão. Quando eu chamei o testemunho da Verª Maria Celeste, ela sabe que eu interrompi a tramitação de um projeto que andava aqui na Casa, que pretendia transformar centenas de ruas de Porto Alegre em áreas de túneis verdes; essas árvores se inclinam sobre os passeios e são um risco de cair, como eram aquelas que foram retiradas lá da Rua Paissandu, no bairro Partenon.

Sr. Presidente, eu gostaria de ter contribuído com este debate com melhor qualidade, mas o faço meio de improviso, provocado pela boa manifestação do ilustre Presidente do Partido dos Trabalhadores, que complementou a sua manifestação com essa história da cooperativa, que é uma cruzada que ele faz. Eu até ironizei uma vez, aqui nesta Casa, que os maiores acusadores dos desvios do cooperativismo são os grandes coordenadores das frentes das cooperativas. O que essa Frente Parlamentar, que V. Exª é um dos mais diretos responsáveis, faz, de objetivo? Quero dizer que V. Exª é submetido a esse discurso permanente de reclamar contra a tal de Meta e a tal de Algert, que eu não sei quem é o dono e nem quero saber! Se eles são irregulares, têm que ser urgentemente punidos, porque eu defendo o cooperativismo, inclusive o cooperativismo das cooperativas de trabalho, por que não? Mas se há picareta... Picareta é uma coisa, cooperativista é outra, não vamos confundir uma coisa com a outra.

Por isso, Sr. Presidente, sabendo que eu sou Reginaldo Pujol, e que de Z para A eu estou melhor colocado do que de A para Z - de A para Z eu seria um dos últimos -, faço essa manifestação sem o brilho da dramatização do ilustre Vereador, Presidente do Partido dos Trabalhadores, Adeli Sell, mas confirmo as preocupações que ele colocou a respeito da preservação persistente de várias árvores da cidade de Porto Alegre, que são risco permanentemente para a população. É preciso que a gente tenha a coragem de reconhecer, porque isso é do ciclo da natureza. Algumas árvores foram plantadas em Porto Alegre há 30, 40 anos, e a Cidade se desenvolveu em torno delas, cresceu em torno delas, se multiplicou em torno delas, e aquelas que foram colocadas numa grande área vazia, permeável, hoje estão colocadas numa área toda pavimentada e toda asfaltada. É o caso da Praça da Matriz, onde as áreas permeáveis são mínimas. Aliás, Ver. João Antonio Dib, a minha mágoa, hoje, é que o Município quer transferir para o cidadão e para a cidadania, Ver. Valter Nagelstein, a responsabilidade de formar a permeabilidade das áreas privadas, enquanto no Município não se faz absolutamente nada nesse sentido. As praças que deveriam ser permeáveis, são, na maioria, 100% pavimentadas e asfaltadas.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Ver. Reginaldo Pujol, mesmo seus pronunciamentos de improviso são sempre de elevada qualidade. Meus cumprimentos.

O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. VALTER NAGELSTEIN: Verª Maria Celeste; Sr. Presidente, Ver. João Carlos Nedel; Srs. Vereadores, o Ver. Adeli Sell, como sempre, com seu brilhantismo e a sua perspicácia, acaba nos pautando aqui, então, eu não vou fugir à pauta que propõe o Ver. Adeli Sell, mas também não vou me prender somente a ela, Ver. Adeli Sell.

Primeiro, uma das causas da minha atividade política é fazer compreender ao funcionário público que ele é um agente na realização dos propósitos maiores da sociedade. O funcionário público não está atrás do guichê somente para alcançar um objetivo pessoal, embora seja justo, como para qualquer outro trabalhador, que, ao final do mês ele perceba a sua remuneração, mas, principalmente, para atender aos anseios e ser servidor público; servir à sociedade. Quando nós olhamos essa questão do meio ambiente, nós vamos encontrar, lá na Secretaria do Meio Ambiente, o que nós encontramos em outras áreas do serviço público. Muitas vezes os funcionários que lá trabalham estão um pouco desligados dos interesses reais da sociedade. Outro dia, como outros tantos Vereadores aqui, eu encaminhei para a Secretaria do Meio Ambiente um pedido para a desinfestação de uma árvore. Aí o técnico queria saber que tipo de infestação a árvore tinha. Poxa, mas não sou eu quem tem que responder isso, eu não entendo, eu não sou engenheiro agrônomo, eu não sei qual é a diferença de erva-de-passarinho ou de qualquer outra coisa; o que eu sei é que Porto Alegre tem algumas características que não sei se são só de Porto Alegre, em que grande parte das árvores da nossa Cidade, sim, estão tomadas de parasitas, e outra grande parte das árvores estão infestadas com cupins. E esses cupins - eu não sei se é um fenômeno só de Porto Alegre, mas aqui é muito grave -, nas casas, nas residências e nas arvores, também, vão minando o miolo das árvores, fragilizando-as. Existem em todos os bairros, mas em Petrópolis especialmente, em que nós temos aqueles cinamomos antigos, todos eles, os seus miolos, os seus interiores, estão infestados por cupins, por outras ervas que vão fragilizando as árvores. Se nós não tivermos uma resposta pronta, ágil, eficiente, ao encontro do interesse público, que o técnico da Secretaria do Meio Ambiente precisa dar, nós vamos, reiteradas vezes, continuar tendo esse problema: de árvores que, em ventanias, em vendavais, em fenômenos, infelizmente, que cada vez mais se agudizam, vão continuar caindo em cima de carros, e queira Deus que não seja um vaticínio isso que diz o Ver. Adeli Sell, que não caiam em cima de pessoas, pois isso, sim, seria uma calamidade, uma catástrofe, que todos nós, obviamente, não queremos e não podemos aceitar.

Nós precisamos sensibilizar esses funcionários que lá estão, reconhecendo o seu trabalho, mas dizer que eles precisam estar atentos aos anseios da sociedade porto-alegrense e aos apelos dos Vereadores que aqui estão.

Com relação às cooperativas, quero dizer que nós já trabalhamos nesse sentido. Está aqui a Verª Sofia Cavedon, que, no ano passado, encaminhou uma lei, que nós aprovamos, e até estávamos indo além da nossa competência querendo estabelecer coisas que não existem inclusive na legislação federal para as cooperativas, mas, fruto da circunstância que se estabeleceu, nós tivemos que fazer.

Cooperativa, quando foi criada, era uma resposta, lá no século XIX, que começou com um pensador inglês, chamado Robert Owen, pensando numa sociedade um pouco mais justa, em que as pessoas compartilhassem não só o trabalho, mas os frutos desse trabalho. Quando Marx, lá na biblioteca pública da Inglaterra, pensava e escrevia o seu livro O Capital, e que depois veio com seu manifesto com Engels, outra corrente de pensamento, pensava uma possibilidade de um outro mundo - como aqui o Fórum Social Mundial se propõe também a pensar -, mas não era aquele mundo do pensamento marxista; era o mundo dos países nórdicos hoje; era o mundo da social democracia, era o mundo de uma sociedade que via, sim, a importância da iniciativa privada e dos fundamentos da iniciativa privada, mas via a necessidade, também, de se estabelecer dentro dessa sociedade que respeita o empreendedorismo, a livre iniciativa, a possibilidade de cada um poder realizar ou, pelo menos, perseguir o seu sonho, de construir uma realidade ou uma sociedade mais justa dentro dessa figura do trabalho cooperativado.

Isso é importantíssimo! Isso é uma conquista da sociedade! O trabalho cooperativado, a figura da cooperativa é uma conquista! Que bom que a sociedade capitalista caminhasse no sentido de ter mais e mais, Ver. Adeli Sell, cooperativismo. Mais pessoas cooperando. Alguns ainda, num determinado momento, falaram de coopetição - cooptação é outra coisa: é o que alguns Partidos gostam de fazer -, que seria a égide dos novos tempos, seria a soma da cooperação com a competição. A sociedade não pode ser só essa sociedade de competição, onde o mais forte prevalece, essa lei de Darwin aplicada à economia e à vida da sociedade, em que aqueles que não estão habilitados simplesmente são descartados do sistema.

Isso, obviamente, nós não podemos e não devemos aceitar, e devemos combater. E uma das formas de combater isso é com o trabalho cooperativado, mas as cooperativas têm que respeitar o seu propósito, a sua natureza e a sua inspiração primeira, lá de trás.

Por isso, sim, que é importante nós darmos combate, não às cooperativas e não à ideia das cooperativas, mas àquelas que se fazem valer dessa ideia para criar os piores propósitos do capitalismo predatório, que é a acumulação de alguns em detrimento do trabalho, do suor e do esforço de muitos outros.

Por isso, Ver. Adeli Sell, é que nós temos que estar juntos nessa empreitada. Não é uma empreitada de um Vereador ou de um Partido; é a empreitada de todos aqueles que acreditam que se pode construir, sim, uma sociedade com base na iniciativa privada, na livre iniciativa, mas no acesso público universal e na justiça social.

É por isso que eu acredito que o nosso Partido PMDB luta e tem como bandeira, e é isso que nós vamos continuar perseguindo aqui em Porto Alegre. Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigado, Srs. Vereadores. Quero dizer que fiquei muito satisfeito, Presidente, com a presença do Secretário Clóvis Magalhães e do Procurador-Geral do Município, que nos trouxeram todos os esclarecimentos por que nós ansiávamos aqui na Câmara. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Toni Proença está com a palavra, em Comunicações. (Pausa.)

 

A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. João Carlos Nedel; Srs. Vereadores, quero voltar ao tema da Sollus. O Ver. Valter Nagelstein está satisfeito; eu não estou nada satisfeita!

Começo dizendo que o Secretário Clóvis Magalhães, aqui, afirmou que há, sim, funcionários responsáveis; funcionários de carreira responsáveis pelas notas recebidas na prestação de contas da Sollus.

Quero dizer para vocês que, dificilmente, um funcionário de carreira aceita notas, grosseiramente adulteradas, não fidedignas, notas que não se explicam, notas que não têm, inclusive, a garantia de que a empresa que as está fornecendo exista. Os funcionários não fazem isso, a não ser que participem de uma gangue ou de um esquema, onde também recebam alguma coisa por isso.

Então, quero aqui afirmar que a Prefeitura de Porto Alegre fez uma sindicância e não chegou a lugar nenhum! Estive, no final do ano, perguntando se o Ministério Público Estadual conhecia o resultado da sindicância, e o Ministério Público me oficiou que estava solicitando à Prefeitura cópia dessa sindicância. Se é verdade o que o Secretário Clóvis disse aqui, alguns funcionários lesaram o patrimônio público e pagaram notas, notas que não poderiam indenizar. Praticamente é indenização, porque, pelo que eu saiba, a Sollus, privilegiadamente, recebe antecipadamente, ou recebia antecipadamente, os recursos para financiar o PSF. Ou seja, é uma OSCIP, como nós procuramos e falamos na tribuna muitas vezes, que não tinha trajetória nenhuma, que não tinha fundo e condições de gerir um programa do vulto e da responsabilidade que é o Programa Saúde da Família.

E o Secretário Clóvis Magalhães disse que há funcionários implicados. A sindicância apurou isso? A sindicância indicou um processo administrativo de responsabilização e demissão? Porque, no processo público - Ver. João Carlos Nedel sabe bem, eu sou funcionária também -, se a sindicância apura responsabilidades, o funcionário público vai sofrer um inquérito administrativo e poderá ser demitido. E nós não temos notícia nenhuma de que essas escandalosas notas tenham tido um responsável dentro da Secretaria Municipal da Saúde. O Governo não teve coragem de responsabilizar algum funcionário público. Nós queremos cópia dessa sindicância, porque são dois anos - dois anos! - de notas fraudulentas, de prestações de contas muito malfeitas, de prestações de contas de serviços impossíveis de serem pagos com recursos da Saúde. E o Conselho Municipal de Saúde dizendo que computadores são comprados com o dinheiro do SUS; computadores comprados pela Sollus com dinheiro da Saúde estão na Procempa! O Conselho de Saúde foi à Procempa verificar a existência dos computadores. A Sollus instalou rede lógica na Secretaria de Saúde: uma OSCIP instalando na Secretaria da Saúde, num próprio público, para o seu uso! A Sollus, alugando mesa!

Gente, nós, Vereadores, como não temos como fazer atividades de mandato, todos aqui sabem, não temos como ter equipamentos, quando a gente aluga uma mesa e um projetor, Ver. Nedel, a gente gasta! Eu me lembro das últimas vezes: negociando bem, eram 190, 200 reais, 250, com o operador junto. Aluguel de mesa para uma palestra, para a Sollus é três mil e oitocentos reais! E alguém, na Secretaria da Saúde, acha que isso está razoável! Achou, e pagou! Isso são algumas notas! Isso é escandaloso! E nós sabemos como isso funciona. Ninguém venha nos dizer ou à cidade de Porto Alegre que um funcionário da Sollus, isoladamente, fraudava notas, e que esse funcionário embolsava o dinheiro; são muitos milhões. Isso tem, sim, omissão ou tem colaboração de agentes públicos! É isto o que está assustando o Governo: a Polícia Federal está investigando. Nós, nesta Casa, não conseguimos instalar uma CPI sequer. Nós já tivemos a escandalosa corrupção da Agência de Segurança da Saúde, que filmou a Sollus, pagando propina, exatamente para a Saúde, para os mesmos agentes públicos, para ela se manter prestando serviço na Secretaria da Saúde! A Casa resolveu que não era caso para se investigar. O Pisa - Programa Socioambiental -, a Polícia Federal está investigando. A mesma coisa: gravações de Secretário combinando com empresários! Gente, é nossa Casa, eu espero que vocês não queiram - não queiram! - que, como os jovens de Brasília encheram a entrada do Congresso de estrume, tamanha a indignação dos jovens em Brasília, porque foi engavetada uma CPI. Como é que não se investiga a situação do Governador, que foi pego, filmado, guardando dinheiro?

Gente, nós vamos continuar fazendo esse papel, quando a sociedade está pedindo que os políticos limpem - limpem! - o nome, a cara da democracia representativa?! Eu faço este apelo à Câmara de Vereadores: o nosso papel é investigar. Compreendo - compreendo - que a maioria é da base do Governo, ninguém “dá tiro no próprio pé”, mas as evidências são muito grandes: nove milhões, quase dez milhões desviados da Secretaria da Saúde! Há responsáveis dentro da Saúde! Há responsáveis, e nós precisamos “separar o joio do trigo”! Eu não vou dizer aqui que seja o Prefeito, este ou aquele; agora, os responsáveis têm que ser punidos, afastados e responsabilizados!

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Verª Sofia Cavedon, aceite os cumprimentos desta Casa pela aprovação do seu filho no vestibular da UFRGS. Meus cumprimentos!

A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero continuar, neste período de Comunicações, o questionamento que esta Casa tem que se fazer, especialmente os Vereadores da base do Governo Fogaça. Pela terceira vez, a oposição encontra indícios de corrupção no Governo do Prefeito Fogaça; é a terceira vez! Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, não pensem que com a vinda do Secretário, hoje, numa Sessão esvaziada, numa Sessão com quórum de Comissão Representativa, estejam resolvidos os problemas. Nós vamos continuar lutando e buscando, Ver. Oliboni, a verdade acima de tudo, pois essa tem sido a sua luta na área da Saúde, e V. Exª já encaminhou uma solicitação de investigação por esta Casa, em 2007, exatamente na questão do Instituto Sollus, no processo licitatório em curso. E o Conselho Municipal de Saúde desta Cidade já alertava a Prefeitura Municipal do processo eivado - eivado - de problemas. É só pegar a retrospectiva - todas as Bancadas receberam o material, em que diz quem é quem no caso Sollus. E aqui coloca tudo, passo a passo.

Como eu já relatei anteriormente, a presença neste Plenário do Secretário de Saúde, Eliseu Santos, que veio acompanhado por sua Assessora Jurídica, Drª Cláudia, que, depois, não mais era assessora da Secretaria de Saúde, e passou a ser uma das diretoras, uma das coordenadoras do Instituto Sollus. Que estranho isso! Que estranho isso para um gestor público!

No dia 20 de agosto de 2007, no mesmo dia em que aqui esteve o Secretário, o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual, o Ministério Público do Trabalho, emitiram recomendação ao Prefeito Municipal, orientando que se abstivesse de contratar profissionais para a área de atenção Básica à Saúde do Município, sem a realização do concurso público, estabelecendo, inclusive prazo de 12 meses para a realização do concurso e admissão dos profissionais.

Em 23 de agosto de 2007, o Tribunal de Contas Estadual bloqueou a efetivação do convênio com o Instituto Sollus.

O que fez o Secretário Eliseu Santos, no mesmo dia? Anunciou que a Procuradoria-Geral do Município estudava as medidas jurídicas para assegurar parceria com o Instituto Sollus.

No dia 5 de setembro de 2007, o Conselho Municipal emitiu um documento com um breve histórico sobre o PSF, bem como a avaliação do processo da instalação do Programa em Porto Alegre - que foi aquela análise que eu fiz preliminarmente.

Desde 2007, os documentos estão aí - e o Dr. Raul tem acompanhado essa questão. Recebemos hoje, e a sua Bancada recebeu também, o mesmo documento, com essa análise preliminar de prestação de contas, que o Conselho encaminhou ao Ministério Público Federal e ao Estadual; o mesmo documento das análises, que resultou, inclusive, no inquérito federal, agora. O Prefeito vem e diz que ele levou ao Tribunal de Contas. Muito bem! Que bom! Saúdo essa iniciativa. Mas essa ação na Polícia Federal só foi possível, porque o Conselho Municipal encaminhou essa análise para os diversos órgãos, inclusive os federais. E nessa análise nos causou estranheza, por exemplo, o uso do dinheiro público pelo Instituto Sollus - além do material de escritório impresso, informática, advogados - viagens. Viagens, Ver. João Carlos Nedel; 87 mil reais foram gastos pelo Sollus, de setembro de 2007 a abril de 2008, com viagens pagas pelo Erário! Foram pagas pelo Município de Porto Alegre, que tem, sim, o povo da Cidade sentindo lá na ponta, lá na periferia, o que significa precisar do serviço de Saúde na cidade de Porto Alegre.

Portanto, quero aqui dizer e reiterar que a minha disposição, e, com certeza, a disposição da Bancada do PT, é continuar investigando o Governo Fogaça. A fiscalização, acima tudo, e, sobretudo, neste momento. E não é, Sr. Presidente, uma disputa eleitoral, porque nós temos feito isso há muito tempo nesta Casa, haja vista que já é o terceiro pedido de CPI que nós vamos trabalhar, e queremos sensibilizar os Vereadores para que todas as Bancadas possam assumir essa responsabilidade. Espero que agora tenhamos sucesso na nossa empreitada, mas queremos, sim, que esse tema seja debate, e mais do que isso, queremos saber do Prefeito que disse que depositou o recurso do Sollus em juízo, o que o Secretário não esclareceu - disse que foi feito o depósito, mas não esclareceu qual o valor, quando foi depositado, e de que forma esse recurso foi disponibilizado, ou não, para a Sollus. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Dr. Raul está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. RAUL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, todos os que nos assistem, em primeiro lugar, eu gostaria de saudar o nosso Governo Municipal, o Governo José Fogaça, e dizer que ele tem tido um papel muito importante na área da Saúde da nossa Capital. Ele tem feito pelos PSFs, ou seja, este Governo mais do que dobrou a cobertura desse Programa. Na realidade, é um Programa, é uma estratégia que carece de um marco regulatório nacional. E o nosso Presidente Lula, que tem tanta preocupação com as questões sociais, como todos nós, já deveria ter definido, através do Congresso Nacional e da sua relação. Então, ainda está em tempo.

Eu solicito também aos nossos colegas aqui da Câmara, sejam da oposição ou da situação, que tratem com suas Bancadas federais para que isso aconteça o mais rápido possível. Não dá mais para convivermos com situações onde haja uma falta de contratualização efetiva no Programa de Saúde da Família. Eu tive a oportunidade de acompanhar esse processo desde o seu início, por vários anos, como Conselheiro Municipal da Saúde, e vi como nasceu esse Programa. Esse programa, nos primeiros tempos, não foi apoiado, porque ele nasceu em meio ao Governo Fernando Henrique, existia uma contestação muito grande. Então, a nossa Prefeitura Municipal não abraçou de vez esse Programa. A contratação, na época, era feita através de associações de moradores; não havia notas fiscais, era algo como recibo em papel de pão. Não tinha CNPJ, era uma coisa muito solta, mas fazendo com que a comunidade fosse atendida. Eu não estou dizendo que não havia fraude, simplesmente era a maneira de se conseguir contratar naquele momento.

Avançou-se um pouco; para o meu gosto, avançou-se muito pouco ao longo desses anos. Na realidade, quem realmente avançou foi o Governo Fogaça que, com todas as suas dificuldades nessa área também, pois como é uma dificuldade nacional, mandou para esta Casa um Projeto de Lei, que foi avaliado. Demorou, mas foi aprovado. Hoje, está aí novamente, é uma Lei que está indo para análise do Executivo, para ver de que maneira será implementado, realmente, o Departamento de Saúde da Família. Assim como temos boas e más OSCIPs, e também boas e más cooperativas, isso é da convivência do serviço público.

Temos uma multiplicidade de órgãos fiscalizadores que, hoje, com as denúncias da Sollus, estão avaliando as questões da Sollus. Não é um órgão, nem dois. Vão para a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas, enfim. Então, existem avaliações, fiscalizações, sem falar nas questões internas, de auditorias internas, e isso leva muito tempo. Está aqui o Secretário, que veio aqui e muito bem explicitou cronologicamente a questão sobre como a coisa se passou dentro de Porto Alegre. Então, acho que estamos num momento que é o marco regulatório das questões do PSF, porque já existe na cabeça de todos os governantes do Brasil a necessidade de que esse Programa seja perene, mas está faltando, ao longo desses anos, o marco regulatório, até quanto à Lei de Responsabilidade Fiscal. Uns dizem que, para a Saúde, não há Lei de Responsabilidade Fiscal. Sabemos que, na prática, não é assim; as questões são cobradas pelos vários e vários órgãos regulatórios.

Na realidade, vivemos num sistema de regulação, de fiscalização, o que é muito bom, mas isso entrava o processo, porque temos vários órgãos fiscalizando as mesmas coisas. O tempo vai passando, as questões vão se multiplicando, e foi o que aconteceu nessa questão da Sollus, que levamos aí mais de ano, quase um ano e meio, para que chegassem ao Governo Municipal aquelas primeiras contas encaminhadas lá em 2007, e aí o Governo tomou as medidas cabíveis. Mas o que esperamos? Nós sabemos que, nos bastidores, já se falava muito nessa questão da Sollus. Esta é uma questão que não é de hoje, mas se fala muito de tudo, e existem situações de oposição e de situação que fazem parte do embate político.

Vou concluir aqui esta questão nos seguintes termos: eu nunca defendi a Sollus; acho que não prestou um bom serviço para Porto Alegre. Acho que deve, sim, ser bem fiscalizada, e aquelas pessoas que eventualmente participaram desse processo e não estão na legalidade e na legitimidade, devem ser punidas. Agora, essa é a função do Vereador; nisso estamos juntos, e acredito que o Governo Municipal, dentro do que poderia ser feito, tem feito a sua parte.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Ver. Dr. Raul. Peço que o Ver. Toni Proença assuma a presidência dos trabalhos.

 

(O Ver. Toni Proença assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Ver. Aldacir José Oliboni, assumo a presidência por ser o Vereador mais velho no Plenário, neste momento. O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, Ver. Toni Proença; colegas Vereadores e Vereadoras, público que acompanha a Sessão de hoje, queria fazer algumas ponderações que creio muito importantes. Primeiro, quero registrar e fazer aqui um pedido, se é que me cabe, como Vereador e fiscalizador do serviço público de Porto Alegre: que o Secretário Municipal de Saúde, Eliseu Santos, afaste-se do cargo, imediatamente! Sabemos que há um inquérito na Polícia Federal, sabemos que são muitas as denúncias, e não é de bom alvitre o Secretário permanecer no seu cargo. Ele tem que se afastar, tem que renunciar, para que as investigações ocorram na maior tranquilidade possível. Portanto, o Secretário Municipal de Saúde tem que se afastar, imediatamente, até porque, a menos que alguém possa provar o contrário, quem foi a São Paulo e trouxe a Sollus no paletó, ou no bolso, ou em qualquer outro lugar, foi o próprio Secretário, em 2007. Por esta razão, há inúmeros problemas levantados, na época, que vêm, no decorrer desses três anos, sendo denunciados pelo controle social, pelos Vereadores, enfim, por inúmeras entidades e autoridades que perceberam claramente que o serviço do Programa de Saúde da Família, em Porto Alegre, não estava acontecendo de uma forma transparente. E isso se provou, agora, claramente, que alguns cidadãos, dentre eles o cidadão mais conhecido - e aqui está, no relatório da Sollus - como Sr. Ricardo Murilo Newman. E aí a Sollus diz no Relatório: “Ex-Coordenador de compras do Instituto Sollus”. Portanto, do Instituto Sollus. Ricardo Murilo Newman cometeu crime de estelionato e de falsificação de documento. Portanto, esse cidadão deve ser chamado, imediatamente, por esta Câmara Municipal de Porto Alegre, seja pela Presidência ou pela Comissão de Saúde, para dar esclarecimentos sobre a sua atitude dentro do Instituto Sollus e sobre quem aceitava as notas emitidas por ele na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Conforme percebemos, há inúmeras notas falsas de serviços, sendo que alguns - o Município diz - não foram prestados, e que, segundo a Sollus, foram prestados, mas somente não foram pagos os impostos devidos. Por essa razão, achamos que esse cidadão, o Sr. Ricardo Murilo Newman, deve comparecer, não só à Polícia Federal, obviamente, onde há um inquérito e para o qual ele deverá ser chamado, mas também ele deverá dar esclarecimentos a esta Casa, ao Poder Legislativo.

Por outro lado, entendemos - Dr. Raul, V. Exª que é um Vereador atuante na questão da Saúde tem percebido claramente essas irregularidades, tem registrado aqui que quer a transparência -, que o Programa de Saúde da Família, com certeza, não é uma verba específica do Município; mas 90% dos recursos são da área Federal, portanto o Município de Porto Alegre apenas dá uma contrapartida, e é de extrema importância mantê-lo, e não só mantê-lo como ampliá-lo. Percebemos que, ao longo desses anos, pelos mais diversos motivos possíveis, dentre os quais as falcatruas aqui apresentadas e divulgadas pela Polícia Federal de desvio de nove milhões de reais, é que não houve a expansão desse serviço. Se houvesse um Programa com transparência, nós não teríamos saído de 84 equipes para apenas 97, como o Secretário falou aqui hoje; nós teríamos aumentado muito mais, ou seja, em 50 ou cem equipes, conforme todos nós, Vereadores, queremos que esse Programa tenha expansão, um Programa que se consolide na Cidade. Portanto, os trabalhadores da Saúde não têm culpa de terem sido gerenciados por uma entidade que não tinha transparência e que não apresentava condições claras e precisas para o processo de ampliação, até porque algumas equipes ora constituídas não passaram por um processo seletivo seja de prova ou concurso público.

Por isso, cabe aqui registrar, como Liderança do PT, que nós precisamos, sim, que o Secretário se afaste e que essas pessoas envolvidas possam ser chamadas para poderem contribuir com a investigação feita pela Polícia Federal. Nesse sentido, com certeza, a Câmara Municipal de Porto Alegre, como órgão fiscalizador do serviço público, estará contribuindo para as investigações, para que o atendimento médico em Porto Alegre aconteça, que as equipes continuem trabalhando como sempre trabalharam, pelo bem da Cidade, pelo bem da população, e que, na medida do possível, a Cidade seja aquinhoada, bem atendida, com transparência, e, mais do que isso, com dignidade, por todos os cidadãos e profissionais da Saúde. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Luciano Marcantônio está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUCIANO MARCANTÔNIO: Obrigado, Ver. Toni Proença; demais colegas, cidadãos que ocupam as galerias, vou usar o meu tempo para lembrar que ontem o Ministro Carlos Lupi, do Trabalho e Emprego, Presidente Nacional do PDT licenciado, esteve em Porto Alegre, formalizando um convênio importantíssimo para os jovens da nossa Capital, um convênio em parceria com o Governo Federal do nosso Presidente Lula e do Prefeito Fogaça. Esse convênio visa a beneficiar 1.700 jovens de 18 a 29 anos; chama-se Projovem Trabalhador. É um Programa de qualificação profissional para jovens que estejam cursando ou tenham concluído o Ensino Fundamental e Médio com várias oficinas visando ao turismo, ao artesanato, mas sempre buscando o principal: que tenhamos esses jovens incluídos no mercado de trabalho. Então, quero parabenizar o nosso atuante, combativo e extremamente competente Ministro Carlos Lupi, do Trabalho e Emprego, por trazer para a nossa Porto Alegre essa oportunidade importantíssima para o futuro dos nossos jovens. O jovem que está estudando tem que frequentar, no mínimo, 75% do Ensino Fundamental ou Médio para poder participar do Projovem Trabalhador. O jovem que está estudando e está-se preparando para o mercado de trabalho, é um jovem que, cada vez mais, está distante da droga, do crime e assim trabalhando uma ferramenta para ter um espaço digno na sociedade. Levar a qualificação profissional - e é isso que o Governo Lula, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego, em conjunto como Governo Fogaça, está proporcionando desde ontem - para o jovem, é trabalhar uma sociedade cada vez mais desenvolvida, uma sociedade mais humana, uma sociedade que busca, com certeza, a distribuição de renda e a justiça social.

Também fiquei muito contente por saber que a conversa do nosso Ministro com o Prefeito Fogaça indicou, com força, a possibilidade de o PDT apoiar o Prefeito e futuro candidato a Governador, José Fogaça, nas eleições deste ano. Estamos nesse caminho, e eu acho uma atitude séria e responsável do PDT, porque nós estamos juntos aqui na Prefeitura de Porto Alegre, fazendo uma gestão que está atendendo aos anseios e demandas da nossa sociedade porto-alegrense, e podemos levar isso para todo o Estado do Rio Grande do Sul também juntos. Então, fiquei muito contente em saber que as conversações do Ministro Lupi, nosso Presidente Nacional licenciado, com o Prefeito José Fogaça, estão trazendo, cada vez mais, esse indicativo de que vamos, sim, o PDT, estar ao lado do Prefeito Fogaça nessa disputa para o Governo do Estado.

Quanto à questão do Instituto Sollus, está nítido ele cometeu uma série de irregularidades na administração da área que ficou responsável pela Secretaria da Saúde, mas também está nítida a preocupação do Governo Fogaça em não acobertar nenhuma irregularidade. Do que o nosso Secretário Clóvis Magalhães manifestou aqui detalhadamente, com muita sabedoria e humildade, ficou claro que, desde o início até hoje, o Governo Fogaça preocupou-se, sim, em apontar todos os erros que esse Instituto poderia estar cometendo, e quer buscar na Justiça, ou no Tribunal de Contas, ou no Ministério Público, os esclarecimentos, as averiguações e as punições em relação aos equívocos que o Instituto Sollus possa ter cometido.

Quero parabenizar a Bancada do PT, que está no papel de oposição, trazendo sempre para a pauta este debate importantíssimo, porque são recursos públicos que estão em questão, e nós não podemos nos omitir quando esses recursos podem estar sendo mal administrados. A Bancada do PT está de parabéns por trazer esse debate. Esta é a Casa em que devem ocorrer esses debates. Hoje estivemos também contando com a presença do Conselho Municipal da Saúde, com servidores da Saúde, e aqui se debateu com muita tranquilidade, com muita sabedoria, e respeitando a democracia. Então, o Instituto Sollus deve, sim, uma explicação séria aos cidadãos de Porto Alegre. E nós aqui, na Câmara de Vereadores, independente de sermos situação ou oposição, temos que ir às últimas consequências para esclarecermos se houve esses desvios, para onde foram, e quem foi o responsável por eles. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Dr. Raul está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. RAUL: Ver. Toni Proença, na presidência dos trabalhos, eu gostaria de aproveitar esse meu espaço aqui em Comunicações para divulgar aos nossos mais de 200 mil idosos em Porto Alegre, às nossas pessoas com deficiência, de que agora, recentemente, houve a aprovação - hoje já é Lei - de um Projeto de minha autoria, que dá o direito a essas pessoas, ou seja, às pessoas com mais de 60 anos e aos portadores de deficiência, ao se cadastrarem nas suas Unidades Básicas de Saúde, de marcar as suas próximas consultas por telefone. Eu acho isso muito importante, porque são as pessoas que mais conforto necessitam, que mais atenção precisam ter com sua saúde, e que, muitas vezes, e por muitos anos estão, e ainda estarão até que isso realmente seja bem implementado, expostas à intempéries, expostas àquela fila da madrugada, muitas vezes, dormindo em bancos de madeira, esperando que o posto de saúde abra. Ainda na semana passada, atendi uma senhora de 83 anos, que veio conversar comigo e disse: “Doutor, eu estou meio tonta, estou com dor aqui, estou com dor ali”. Bem, 83 anos, está razoável, mas precisa ser medicada, precisa ser conservada, precisa que a sua vida tenha qualidade! E eu perguntei: “Porque a senhora está assim?”, e ela respondeu: “Hoje eu estou com mais dor, porque fiquei a noite toda deitada no banco, esperando por uma consulta, e, agora de manhã, tentando agendar”. Então, não é possível que pessoas que possam tranquilamente levantar o telefone em casa e deixar agendado o seu horário para irem até às suas Unidades de Saúde, que elas não tenham esse direito; eu acredito que isso agora está conquistado. A própria Secretaria Municipal de Saúde tem feito referência, inclusive na imprensa, dizendo que vai implementar esse processo em breves dias. Eu acho que isso é necessário e é impositivo. Por isso deve haver uma fixação de cartazes junto às Unidades de Saúde, dando ciência às pessoas desse direito, e também, claro, que um determinado número de fichas por Unidade de Saúde seja reservado com essa finalidade para que as pessoas realmente tenham disponíveis os horários, e que isso funcione. Porque não adianta termos leis que não são cumpridas e que não são implementadas. Eu tenho certeza que a Secretaria da Saúde do Município vai fazer com que esse processo realmente tenha uma continuidade e traga um benefício real para essas pessoas. Como eu já falei, nós temos um número superior a 200 mil pessoas com mais de 60 anos em Porto Alegre; na realidade, pode parecer um pequeno benefício, mas eu acredito que, para quem está lá na fila, para aquela pessoa que leva o familiar, para aquele que vai ficar a noite toda lá para pegar uma ficha para um idoso, essas pessoas sabem o que eu estou dizendo. Aquelas pessoas que na sua juventude levaram os seus familiares até as filas quando precisavam consultar, que já tiveram essa preocupação, que já enfrentaram esse problema, sabem, realmente, a que estou me referindo. Na realidade, é só um benefício no sentido de fazer com que haja um pouco mais de qualidade de vida, um pouco mais de conforto. Que o SUS, que é o maior plano de saúde deste País, consiga se qualificar um pouquinho mais. Nós, que temos um plano de saúde, ou pelo serviço público, ou planos de saúde privados, que temos uma facilidade conseguida há tempos, que é de levantar o telefone e marcarmos as nossas consultas de maneira agendada com os especialistas.

Era isso que gostaria de referir, e dizer: por favor, cobrem isso, porque só com a cobrança da população e das entidades, teremos a materialização o mais breve possível disso tudo na cidade de Porto Alegre. Obrigado. Saúde para todos.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; colegas Vereadores e Vereadoras, público que nos acompanha nesta Sessão, eu gostaria muito de falar bem sobre o serviço de Saúde em Porto Alegre, mas, infelizmente, temos de fazer algumas críticas que são pertinentes e de extrema responsabilidade.

Nós percebemos, nesta semana, por exemplo, que algumas Unidades de Saúde em Porto Alegre acabaram fechando, exatamente devido à grande quantidade de ratos que circulavam, e circulam, em algumas Unidades de Saúde da Capital. Mais especificamente a Unidade de Saúde do Programa de Saúde da Família da Ernesto Araújo, no Morro da Cruz, que acabou fechando esses dias para poder fazer a desratização no local. Conforme relato dos próprios trabalhadores, os ratos circulavam livremente, inclusive na sala de espera dos pacientes para o atendimento. Isso nos preocupa muito, porque trata-se de saúde pública, e ocorre justamente numa Unidade de Saúde na qual temos de dar o bom exemplo para o cidadão, não só da qualidade do serviço, mas, mais do que isso, demonstrar que ali é um local aprazível, acolhedor, comprovando a enorme responsabilidade da gestão. Coisa que, até então, não foi feita.

Mas, Dr. Raul, veja a manchete do Diário Gaúcho, do dia de hoje: “Um marca consulta e o outro fica fora”. Um casal foi a uma Unidade de Saúde marcar consulta, e a Coordenação da Unidade de Saúde diz: “ou um, ou outro”. Mas como assim? Todo e qualquer cidadão tem o direito de ser atendido! Pois, exatamente, pela determinação de algumas fichas, naquela Unidade de Saúde, uma das pessoas, isto é, o cidadão, o esposo da senhora que estava lá, acabou ficando sem o atendimento médico, porque a Unidade de Saúde disse: “ou um, ou o outro”. Isso é uma enorme irresponsabilidade! Em decorrência desse fato, o Secretário Municipal da Saúde teria que ter ido lá na Unidade de Saúde.

“Casal que pretendia agendar atendimento médico, ontem, no Posto de Saúde do bairro Passo das Pedras, foi obrigado a optar por uma única consulta”. E, depois, relata claramente a dificuldade que o cidadão passou para conseguir a sua consulta, pois acabou abrindo mão em favor de sua esposa, mesmo sentindo fortes dores, necessitando de um atendimento médico.

Isso nos causa tristeza e indignação, porque, infelizmente, nós, Vereadores, percebemos que o Executivo, por meio da Secretaria da Saúde, não só não tem nenhum mecanismo de controle como deixa a bel-prazer da Unidade de Saúde decidir quem será atendido. Todo cidadão que se dirige a uma Unidade de Saúde tem de ser atendido, pois ele foi buscar um atendimento médico! Todo cidadão que se dirige a uma emergência tem de ser atendido! Por isso o Hospital Conceição fez uma discussão recente, que todos nós acompanhamos, de que as portas têm de ser abertas, e que todo cidadão que lá chegar tem de ser atendido. Nós, cidadãos, não podemos determinar quem, de fato, deve ser atendido. Todo cidadão tem de ser atendido! Assim, fico indignado ao perceber que o Município de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal da Saúde, não tem mais o controle dessa Secretaria; fica a bel-prazer das Unidades de Saúde, porque elas não têm o apoio institucional do próprio Secretário para poderem implementar serviços e atender à demanda existente.

Então, cabe, sim, registrar que as Unidades de Saúde estão em estado de abandono, e os ratos estão tomando conta! Esperamos que o Governo Municipal forneça à nossa Casa, Presidente, um cronograma de desratização, e, mais do que isso, de implementação, dando condições de trabalho aos trabalhadores da Saúde. Do contrário, ficamos aqui só cumprindo com o nosso dever, o nosso compromisso, em denunciar diuturnamente os problemas que acontecem na Saúde da cidade de Porto Alegre. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Nada mais havendo a tratar, encerramos os trabalhos da presente Sessão. Mas, antes disso, deixo a todos a provocação feita pelo Presidente Lula, na sua participação, ontem, no Fórum Social: será que a Cidade e o Fórum não estariam mais fortalecidos, se todas as edições tivessem sido feitas em Porto Alegre?

Obrigado, e um bom dia a todos.

 

(Encerra-se a Reunião às 12h21min.)

 

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